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A vacinação contra a Covid-19 vai ser um processo longo e ainda com muitas incertezas, sobretudo porque o ritmo depende da aprovação de vacinas de outros laboratórios além da Pfizer. A primeira fase da vacinação será para profissionais de saúde, internados em unidades de cuidados continuados e trabalhadores e utentes de lares. Seguem-se os doentes prioritários com mais de 50 anos, mas só a partir de fevereiro.
Quantas vacinas vão chegar a Portugal?
O primeiro lote tem 9.750 doses. Já a partir de 4 de janeiro está previsto que cheguem mais 303 mil. É, para já, um número de vacinas reduzido face ao inicialmente previsto, depois da Pfizer ter anunciado uma redução em 20% das doses disponíveis.
Então essas 9.750 doses são para quem?
Estas vacinas vão ser dadas aos profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate ao novo coronavírus, num processo que deve decorrer entre 27 e 29 deste mês. Pelo facto de haver poucas vacinas nesta fase, cabe à Direção-Geral da Saúde definir que grupos serão os primeiros a tomar a vacina.
De acordo com a ministra Marta Temido, profissionais de saúde dos centros hospitalares universitários do Porto, São João, Coimbra, Lisboa Norte e Lisboa Central serão os primeiros a ser vacinados contra a Covid-19.
Profissionais nas unidades de cuidados intensivos, urgências, atendimento a doentes respiratórios covid nos centros de saúde e em meio hospitalar, profissionais que trabalham em unidades onde há maior risco libertação de aerossóis e contactos com doentes contagiados com covid, estão entre os prioritários.
Os profissionais de saúde são os primeiros a serem vacinados. Depois vem quem?
Depois vêm os profissionais e residentes em lares e unidades de cuidados continuados. Em janeiro, devem ser vacinadas 118 mil pessoas entre funcionários e utentes. E continuarão a ser vacinados os profissionais de saúde
Então os profissionais não vão ser todos vacinados logo em dezembro?
Não. As doses que vão chegar em dezembro serão quase simbólicas para os profissionais de saúde. São menos de dez mil doses nos últimos dias do ano. A vacinação de profissionais de saúde em primeiro lugar tem uma lógica sanitária, claro, mas também pretende dar um sinal de confiança ao resto da população sobre a segurança da vacina.
E atenção que cada dose não corresponde a uma pessoa porque a vacina é de duas tomas, previsivelmente separadas por 21 dias. Por cada pessoa vacinada é guardada logo uma dose para a segunda toma. Por isso, entre dezembro e janeiro devem chegar 312 mil doses, mas a expetativa é que sejam vacinadas cerca de 140 mil pessoas, entre as quais estão 21 mil profissionais de saúde.
Em dezembro e janeiro a vacinação é só para profissionais de saúde e lares? Então e quando é que começa a vacinação do resto da população?
Sim, em dezembro e janeiro a vacinação é só para lares e profissionais de saúde. Em fevereiro, vai continuar a vacinação desses grupos prioritários e deve começar a vacinação das pessoas com mais de 50 anos que tenham patologias graves, como insuficiência cardíaca ou renal, doenças coronárias e respiratórias. Essas pessoas vão receber um SMS a perguntar se querem ser vacinadas e, caso a resposta seja afirmativa, depois será marcado dia e hora para a vacinação.
Quando é que as vacinas começam a chegar aos centros de saúde?
Só em fevereiro é que deve começar a vacinação através dos centros de saúde para as pessoas incluídas na primeira fase de prioritários. Em dezembro e janeiro, as vacinas que vão chegar a Portugal são para profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes, internados em unidades de cuidados continuados e trabalhadores e residentes em lares. Só, depois, em fevereiro, deve começar a vacinação de maiores de 50 anos com pessoas com mais de 50 anos que tenham patologias graves, como insuficiência cardíaca ou renal, doenças coronárias e respiratórias.
Como vai ser marcada a vacinação?
Essas pessoas que estejam registadas num centro de saúde vão receber um SMS a perguntar se querem ser vacinadas e, caso a resposta seja afirmativa, depois será marcado dia, hora e local para a vacinação. E, depois, é preciso responder outra vez: sim ou não à marcação feita.
Então o local não é o centro de saúde?
Pode não ser. Há centros de saúde que não têm condições para organizar a vacinação e, além disso, há um problema logístico relacionado com as condições para a conservação da vacina.
Como assim?
As vacinas da Pfizer são entregues em caixas com 4.874 doses que têm de ser mantidas a 80 graus. Haverá um centro logístico onde é possível manter essa temperatura. Depois vão sendo distribuídas por locais de vacinação onde podem ser conservadas em frigorífico normal durante 20 dias, mudando o gelo seco que as acompanha a cada 5 dias (120 horas). Mas uma vez descongelados à temperatura ambiente, os frascos têm de ser usados nas seis horas seguintes.
Isso significa que é preciso ter o processo muito bem organizado. Como é que isso se faz?
É nesse planeamento logístico que as Forças Armadas estão a ajudar. É preciso perceber que centros têm condições e população- alvo adequadas e depois organizar. Pode haver situações em que vários centros de saúde se articulam entre si para vacinar num local central, deslocando para aí meios. Foi que o já foi feito, por exemplo, em Évora na vacinação contra a gripe sazonal: quatro centros de saúde juntaram-se, identificaram um local com condições e cada centro deslocou para lá dois enfermeiros, o que permitiu que aquele local funcionasse só para vacinação e os centros mantivessem o seu funcionamento normal.
Um doente identificado como prioritário recebe o SMS, responde que quer ser vacinado, mas não pode deslocar-se ao local?
Vai uma equipa a casa desse doente, caso esteja acamado, ou são mobilizados bombeiros ou forças de segurança para o levar até ao local. Também isso terá de ser previamente organizado para bater tudo certo antes que se esgotem as seis horas. Não é possível voltar a congelar.
E se não tiver telemóvel ou não responder ao primeiro SMS?
Será contactado por outro meio, seja por telefone fixo, carta ou visita domiciliária.
Então e se for um doente prioritário, mas não for acompanhado no centro de saúde?
Nesse caso, o doente (ou alguém por ele) deve dirigir-se ao centro de saúde da sua área de residência com uma declaração passada pelo médico assistente que ateste a condição prioritária do utente que depois será contactado pelo centro de saúde.
Então, por agora, não adianta telefonar para o centro, nem mesmo quando começarem a chegar vacinas a Portugal?
Não, não adianta. As pessoas, mesmo as prioritárias, devem esperar pela mensagem de telemóvel a perguntar se querem ser vacinas. É essa mensagem que dará início ao processo. Depois recebem a marcação da hora e do local e será muito importante que respeitem as marcações para não se desperdiçarem vacinas. E quanto levaram a primeira toma será logo marcada a segunda toma.