INE. Défice dispara para 5,4% no primeiro semestre
23-09-2020 - 11:11
 • João Carlos Malta

O impacto fez-se sentir sobretudo no segundo trimestre, quando o défice atingiu os 10,5%, quando a pandemia da Covid-19 entrou no país.

O défice orçamental disparou para 5,4% do PIB no primeiro semestre deste ano, segundo revelam os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Este é um valor que já põe em evidência as consequências da pandemia de covid-19 nas contas públicas de Portugal. Segundo as mais recentes informações edadas pelo Governo é provável que no final do ano o défice público ultrapasse os 7%.

O impacto fez-se sentir sobretudo no segundo trimestre, quando o défice atingiu os 10,5%. Em termos homólogos verificou-se um aumento da despesa total (6,5%) e uma diminuição da receita total (10,5%).

O INE explica ainda que "os efeitos da pandemia têm um impacto significativo sobre os atuais resultados". "Recorde-se que foram tomadas em Portugal diversas medidas de contenção da propagação do Covid-19, tendo sido decretado o estado de emergência no dia 18 de março, que estabeleceu o encerramento temporário de várias atividades económicas e restrições à livre circulação de pessoas. O estado de emergência em Portugal manteve-se até 2 de maio, quando foi substituído pela situação de calamidade que vigorou entre 3 de maio e 30 de junho. O 2º trimestre de 2020 constitui assim o primeiro trimestre onde o efeito da pandemia se fez sentir durante todo o período", lê-se no comunicado do INE.

O comportamento da despesa resultou dos aumentos da despesa de capital em 4,3% e da despesa corrente em 1,4%. Na despesa corrente destacam-se os aumentos das prestações sociais (0,4%), das despesas, tendo o consumo intermédio e os encargos com juros diminuído 0,5% e 1,7%, respetivamente. O aumento da despesa de capital foi impulsionado pela variação positiva de 9,7% do investimento, uma vez que a outra despesa de capital diminuiu 4,3%.

A receita total registou uma variação de -2,4% no 2º trimestre devido à diminuição de 2,5% na receita corrente. Este comportamento resultou de diminuições dos impostos sobre a produção e importação (-4,5%), das contribuições sociais (-1,9%), das vendas (-5,4%) e da outra receita corrente (-6,9%), tendo os impostos sobre o rendimento e património aumentado 1,9%.