A pandemia duplicou a audiência das missas transmitidas pelas televisões espanholas. A revelação foi feita pelo presidente da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais de Espanha.
Via online, o padre José Gabriel Vera contou, nas Jornadas Nacionais das Comunicações sociais, o que a Igreja fez para chegar ais católicos em tempos de confinamento.
Segundo o sacerdote “todas as televisões que transmitem a Missa, a televisão pública, a televisão da Igreja - é um canal nacional que emite para toda a Espanha, uma televisão generalista, transmite a celebração da Eucaristia todos os dias - também duplicou a sua audiência.” “Duplicaram a audiência as televisões locais, as televisões que transmitem a Missa, locais e regionais”, acrescentou.
Tal resultado fica a dever-se ao facto de a Missa ter passado a ser vista por três grupos de pessoas que, habitualmente, não o faziam: “pessoas que não saiam de casa devido à pandemia, pessoas que estavam vinculadas à paróquia, mas que tinham saído, como por exemplo, emigrantes, e ainda pessoas que, por vergonha, não iam à missa.” Daí que a pandemia tenha sido, nas palavras do sacerdote, uma “oportunidade de evangelização”.
Passado o confinamento, a “Igreja não pode fechar as portas e a comunicação da Igreja não pode fechar”, alertou José Gabriel Vera, até porque “a Igreja deu um salto de dez anos na utilização das ferramentas digitais”.
Como desafios para o futuro, o Presidente da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais de Espanha, apontou para a entrada noutras redes sociais, como o Tik Tok, a realização de podcasts, a exploração do Youtube e a produção de conteúdos informativos com histórias reais para vender aos meios de comunicação de maior dimensão.
30% dos utilizadores do digital têm mais de 65 anos
Em Portugal, a Igreja também se reinventou. Em Fátima, o Santuário chegou a ter 30 milhões de pessoas a acompanhar as celebrações pelos meios digitais.
Na diocese de Leiria-Fátima, o gabinete de comunicação do cardeal D. António Marto ficou surpreendido com a métrica das audiências. “As pessoas com mais de 65 anos correspondem a cerca de 30% dos nossos utilizadores” revelou à Renascença o responsável pelo Gabinete. Para Paulo Adriano isso pode demonstrar três realidades. Uma delas é o facto de que “os nossos destinatários são uma população envelhecida”, o que o jornalista confirma, salientando, por outro lado, “um crescimento da literacia digital na faixa etária dos mais idosos”, uma experiência “que têm tido nos últimos anos.”
Os meios digitais vieram para ficar. Ajudaram a população a manter-se em contacto com a Igreja. O desafio agora é levá-la, de novo, à presença física nas celebrações, como referiu o Padre José Gabriel Vera.
As jornadas nacionais das comunicações sociais prosseguem esta sexta-feira em Fátima, em modo presencial e online.
Da manhã de trabalhos consta um painel com vários convidados que falarão dos projetos que estão a desenvolver, estando a conferência de encerramento marcada para o final da manhã. Esta será proferida por Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP.