A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse que o único investimento que o Banco de Fomento fez até agora na economia portuguesa "foram os 400 mil euros que pagou ao Conselho de Administração para fazer absolutamente nada".
Catarina Martins discursava este sábado no comício do BE na Praça dos Poveiros, no Porto, local que escolheu para criticar o Governo pelo facto de o Banco de Fomento - anunciado há dois anos e meio, com sede no Porto, e depois de quatro anúncios de que "estava mesmo, mesmo a começar" - ter posto "zero cêntimos" na economia portuguesa até agora.
"O Banco de Fomento tem um generoso Conselho de Administração com oito elementos, com os cartões e as simpatias partidárias que se exigem e é pago desde o início deste ano acima do salário de primeiro-ministro - tem uma autorização especial para ser. O investimento que o Banco de Fomento fez até agora na economia portuguesa foram os 400 mil euros que pagou ao Conselho de Administração para fazer absolutamente nada", criticou.
A cabeça de lista pelo Porto recordou o Twitter de Pedro Passos Coelho na campanha para as legislativas de 2011, quando o agora primeiro-ministro dizia: "não existirão empregos para os amigos".
"Metade da frase é absolutamente verdade - não existirão empregos. Vamos agora à outra metade da frase. É notícia hoje que o Governo PSD/CDS sentiu um impulso de garantir o emprego aos amigos em todas as áreas da vida do país", disse.
Na opinião da porta-voz do BE "esta campanha está a começar marcada por uma sucessão de sondagens, estudos, comentários, análises, dissertações para tentar provar que no dia 4 de Outubro estamos limitados a decidir o voto entre dois partidos".
"Nós não aceitamos um país de escolhas pequenas, uma democracia onde só se pode decidir entre quem corta pensões ou quem quer reduzir o rendimento das pensões através do congelamento é uma democracia diminuída e nós aqui vivemos uma democracia por inteiro", exortou.
O lucro de Aguiar-Branco
No mesmo comício, o candidato número dois do BE pelo Porto, José Soeiro, acusou o ministro Aguiar-Branco de ter lucrado, através do escritório de advogados de que é sócio maioritário, um milhão de euros com a subconcessão dos transportes do Porto.
José Soeiro discursava no comício da Praça dos Poveiros, no Porto, apelidando da "maior vigarice" a "concessão vergonhosa da STCP [Sociedade de Transportes Colectivos do Porto] e da Metro do Porto", cujo "autor do crime é o secretário de Estado Sérgio Monteiro, o `bota de ouro` das parcerias público-privadas no tempo do Governo do PS [uma alusão ao ter trabalhado na Caixa Geral de Depósitos]".
"No Porto, Aguiar-Branco [ministro da Defesa Nacional] é a cara deste processo de concessão dos transportes do Metro e da STCP contra a opinião dos utentes, contra a opinião dos autarcas das várias cores que existem, mas ele é também sócio maioritário do escritório de advogados que ganhou um milhão de euros em pareceres e consultadorias feitas à Metro do Porto", disse.