Marcelo Rebelo de Sousa pede à seleção nacional que tente "fazer o impossível" no Mundial feminino, na Austrália e na Nova Zelândia.
Na receção à equipa, no Palácio de Belém, esta segunda-feira, o Presidente da República assinala que o mais importante, na inédita presença na fase final, "não é resistir ao impossível, é fazer o impossível".
"A vossa fase de apuramento é a mais difícil de todas. Têm a campeã [EUA] e a vice-campeã [Países Baixos]. Parece de propósito, mas ainda bem que é assim. Era mau se fossem para lá para ver o que dá. O vosso espírito é fazer o impossível. E é possível fazer o impossível. Já o fizemos e mesmo no domínio do futebol, em várias circunstâncias. Vocês já o fizeram. Vocês são das melhores das melhores. Eu diria mesmo, das melhores das melhores e dos melhores dos melhores", vinca.
Marcelo pede às jogadores que "joguem como têm jogado sempre" e que nunca mudem: "Um jogo joga-se até ao último minuto. Eu já perdi muitos jogos: no futebol, na política, na vida, na sociedade. É preciso é não desistir. Uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes. É uma grande honra para Portugal poder acompanhar à distância as nossas compatriotas no outro lado do mundo às 8h00, nos dias 23, 27 e 1, e depois sucessivamente. Nós estamos lá. É preciso que vocês estejam lá."
O Presidente realça, também, o "'show' de bola" a que um recorde de 20.123 espectadores assistiram no Estádio do Bessa, na sexta-feira, e em especial a garra da seleção: "O mais importante é que vocês lutaram em cada jogada e cada lance como se fosse o último da vossa vida."
"Isso é uma forma de viver a vida. É fundamental viver cada desafio, cada minuto, cada instante como se fosse o último. É isso que têm de fazer durante a vossa vida e durante a fase final. Não é só cada jogo, cada parte de jogo. É cada minuto e cada segundo. Estou-vos muito grato: mesmo com os melhores dos melhores, não se vê sempre isso", realça.
Uma lição de história e estatística
Marcelo recorre, ainda, aos livros de história para enaltecer o feito histórico da seleção feminina. Há 60 anos de diferença entre o primeiro jogo internacional da seleção masculina, em 1921, e o primeiro jogo internacional da história da seleção feminina, em 1961:
"Nos homens, chegámos a uma fase final de um Mundial em 1966. Quarenta e cinco anos depois do primeiro jogo internacional. Em mulheres, chegámos mais depressa: 42 anos depois. Mas quanto às mulheres, durante dez anos, entre 83 e 93, não houve disputa de competições internacionais. Ou seja, não foram 42 anos: foram 32. As mulheres fizeram em 32 anos o que os homens fizeram em 45. Começaram mais tarde, 60 anos depois, e fizeram mais depressa."
O Presidente socorre-se, igualmente, da estatística. De acordo com as suas pesquisas, atualmente há cerca de 210 mil homens federados no futebol português e apenas 15 mil mulheres. Uma base de escolha que torna "muitíssimo mais difícil" obter uma equipa de elite.
"Isto é para mostrar como foi difícil a afirmação das mulheres no futebol nacional. Mas não foi só no futebol, foi em tudo. O percurso das mulheres foi mais rápido. Nos últimos dez anos, multiplicou-se por quatro a base de recrutamento de mulheres no futebol português. É muito mais fácil recrutar uma equipa de homens para ir torneios internacionais que uma equipa de mulheres. É importante fazer essas contas para se ter a noção do histórico que vocês fizeram", conclui o chefe de Estado.
A seleção nacional parte esta segunda-feira, às 21h15, para a Nova Zelândia, onde vai disputar a fase final do Campeonato do Mundo. Inserida no grupo E, terá como adversários Países Baixos, a 23 de julho, Vietname, a 27, e Estados Unidos da América, no dia 1 de agosto.
[notícia atualizada às 13h04]