Os médicos vão parar dois dias no início do próximo mês. Os sindicatos vão realizar uma greve nacional a 2 e 3 de julho.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) anunciou, em comunicado, a realização de uma greve e uma manifestação a 3 de julho. E contactado pela Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, indicou que este sindicato vai marcar, por sua vez, uma paralisação para 2 de julho.
As duas estruturas sindicais têm prevista uma reunião negocial com o Governo na sexta-feira.
Segundo o comunicado, publicado no site da FNAM, o Ministério da Sáude continua a recusar negociar com o sindicato, não obstante a realização de duas greves em 2017 e uma em 2018.
Em causa está uma lista de 16 reivindicações, entre as quais o limite de 12 horas de trabalho nas urgências, a diminuição do número de utentes por médico de família de 1.900 para 1.500 e a revisão da carreira e dos salários.
Os médicos pedem ainda a abertura de concursos de progressão na carreira e o respeito integral pela legislação laboral médica, "terminando uma vez por todas com a violação sistemática do descanso compensatório e dos horários de trabalho".
O sindicato acusa o Governo de recusar negociar, mas não só. "Para além da recusa em negociar, este Governo afrontou o sindicalismo médico ao legislar, de forma unilateral, a atribuição de incentivos à mobilidade geográfica de trabalhadores médicos – trazendo maior discriminação – um novo regime jurídico da gestão hospitalar e uma nova regulamentação dos CRI", diz a FNAM.
A FNAM "responsabiliza inteiramente" o Ministério da Saúde por promover a fuga dos médicos para o sistema privado e para o estrangeiro; a degradação contínua das condições de trabalho, responsável pelo elevado índice de 'burnout' na profissão, com consequente desmotivação; a desorganização dos serviços públicos de Saúde, nos Cuidados Primários e Hospitalares e por promover o florescimento de unidades de saúde privadas, ao invés do investimento no Serviço Nacional de Saúde geral, tendencialmente gratuito.
A "deterioração da qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes, quer nas instituições públicas quer nas privadas e a existência de médicos 'indiferenciados' e a escravização do trabalho médico pelo sistema privado, onde os médicos trabalham, pelo menos, 60 horas semanais e são pagos à peça", são outras das críticas da FNAM.