O Sporting lamenta que a condenação de Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico do Benfica, no caso "e-toupeira" seja mais "um de vários processos que colocam em causa reputação do futebol português".
Em comunicado, os leões mostram-se surpreendidos por "o Tribunal ter considerado plausível que esse agente desportivo, apesar de ter sido 'o elemento preponderante que desencadeou toda a sequência de crimes', nada tenha informado das suas acções e do resultado das suas diligências ao então presidente da SLB SAD, Luís Filipe Vieira, nem tão pouco os seus vice-presidentes ou administração".
A SAD do Sporting aponta que o ex-assessor jurídico do Benfica teve "acesso a informação indevida, mas não se demonstrou que o arguido tenha partilhado essa informação. Ou seja, Paulo Gonçalves corrompeu, teve acesso a informação privilegiada, mas teria agido apenas por sua iniciativa e recreio".
A ligação de Paulo Gonçalves ao Benfica continuou depois de ter sido oficialmente encerrada em 2018, segundo aponta o Sporting.
"Além de presença assídua no estádio do clube, surge associado ao SLB como intermediário em vários negócios posteriores, como a transferência de Darwin Nuñez do SLB para o Liverpool, com a qual, segundo notícias públicas, terá lucrado cinco milhões de euros. Fica a dúvida sobre o porquê desta intermediação por parte do advogado que já não tinha ligação ao SLB e sobre o qual já recaíam suspeitas e acusações de corrupção", questiona.
Os leões afirmam que este "é mais um de vários processos cujos graves contornos colocam em causa o funcionamento e reputação do futebol português e a verdade desportiva das nossas competições: tráfico de influências, corrupção, entregas de malas com dinheiro, jogadores no activo que dizem ter sido aliciados – um sem número de negócios duvidosos e práticas criminosas que mancham o desporto nacional".
O Sporting pede consequências para que "desta vez não volte tudo a ficar na mesma".
"A Justiça falhou no chamado processo do Apito Dourado. É fundamental que desta vez não volte a ficar tudo na mesma, com os intervenientes a fingir que nada se passou, que não existem escutas disponíveis na internet, que o crime teve o castigo merecido. Não teve. E o crime não pode compensar, porque a percepção de que o crime compensa mina totalmente a confiança dos cidadãos nas instituições", diz.
O caso da Juventus é mencionado pelo Sporting, quando o clube de Turim foi despromovido em 2006 por corrupção.
"A Sporting SAD já se constituiu assistente em todos estes processos que envolvem o Desporto português e partilhou todas as informações relevantes com as autoridades, nas devidas instâncias, para que a verdade desportiva não seja constantemente deturpada por este tipo de práticas e comportamentos. O caminho será duro, mas será a única forma de legitimar, de uma vez por todas, o Desporto nacional e o futebol em particular", termina.