O deputado do PSD Duarte Pacheco exige explicações ao Governo sobre as necessidades de capitalização da Caixa Geral de Depósitos e não exclui a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito.
"Não podemos banalizar um instrumento, mas tudo depende das explicações que o doutor António Costa dê ao Parlamento e aos portugueses", afirmou Duarte Pacheco quando questionado sobre a constituição de uma comissão de inquérito à Caixa.
O PSD tem dois requerimentos com perguntas sobre a Caixa para o primeiro-ministro e o ministro das Finanças, Mário Centeno, e deixou um repto para que possam ser "o guião" da intervenção do chefe de Governo na quarta-feira no debate quinzenal no Parlamento.
As explicações exigidas pelo PSD, numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, começam logo pelo valor de quatro mil milhões: "As necessidades de financiamento, olhando para as contas, que são públicas, são cerca de metade desse valor. Tudo o resto tem de ter explicação".
"Os actuais indicadores da Caixa Geral de Depósitos não indicam uma necessidade de uma injecção de um valor desta magnitude. Logo, algo aconteceu. E se algo aconteceu ou algo está por detrás desta capitalização é responsabilidade exclusiva do actual Governo e o actual Governo tem de dar essa explicação aos portugueses", argumentou Duarte Pacheco.
O PSD, que elaborou 30 perguntas para o Governo responder, que saber "qual o ponto de situação real do maior banco português", os rácios, os níveis de imparidades", a existência de um plano de reestruturação e as suas implicações num eventual encerramento de balcões e de despedimento de funcionários.
Os sociais-democratas querem saber se esse plano de reestruturação está a ser negociado com as instituições europeias e se está a ser preparado com a futura administração ou "com personalidades, que não são ainda quadros da Caixa, à revelia da administração que ainda está em funções".
"Qual é o impacto de todo este plano no défice?", questionou igualmente Duarte Pacheco.
O deputado social-democrata defendeu ainda que o Governo deve explicações sobre o modelo de governação do banco público, nomeadamente sobre o aumento do número de administradores e dos salários, sublinhando que a regra do anterior executivo de que auferissem um vencimento na média dos três anos anteriores à sua contratação "já salvaguardava a contratação no mercado".
"Qual é o interesse particular que o doutor António Costa quer aqui salvaguardar? Isso tem de ser explicado e bem. E não venham dizer que são orientações do Banco Central Europeu porque ninguém as conhece", questionou.
O PSD sugere que há um perigo de intervenção directa do Governo na administração do banco: "Concorda o Governo com a carta de missão que a Caixa Geral de Depósitos tem? Ou pretende o Governo recuperar o papel de recuperar o papel de intervir directamente no dia-a-dia da gestão da Caixa como foi durante a governação socialista anterior?", interrogou Duarte Pacheco.