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Em Moçambique, as próximas 72 horas vão ser decisivas, alerta a ONU, perante a previsão de fortes chuvas. O nível das águas pode continuar a subir, há barragens no limite da capacidade e localidades que podem ficar submersas a qualquer momento.
O Governo moçambicano admite que a "situação é crítica" e fala numa corrida contra o tempo para resgatar quem está isolado.
"Acreditamos que este é o maior desastre natural que Moçambique viveu. Temos áreas alagadas por causa das águas que vêm do Zimbábue com raios de mais de 100 quilómetros. Estamos num momento crítico, em que todos os minutos contam para conseguirmos tirar as pessoas que estão alojadas nas ilhas, em cima de casas. As equipas estão a trabalhar para podermos salvar mais vidas", explicou Celso Correia, o ministro moçambicano da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, esta quarta-feira, à televisão nacional de Moçambique.
Outra vertente que assume grande importância é o restabelecimento das vias de comunicação com as zonas mais afetadas, onde se poderá fazer chegar a ajuda alimentar que muitos necessitam.
Celso Correia afirma que há alimentação disponível "para 400 mil famílias durante dois meses" e "medicamentos suficientes para dar resposta". "O grande desafio neste momento é abrir vias de acesso", admite o ministro.
Neste momento, a ajuda está a chegar através de barcos e meios aéreos, nomeadamente helicópteros. "Assim que restabelecermos a comunicação, o nosso trabalho vai ficar mais facilitado", acrescenta.
A caminho de Moçambique está uma comitiva portuguesa liderada pelo Secretário de Estado das Comunidades com a missão de articular ajuda ao país, que vive esta quarta-feira o primeiro de três dias de luto nacional.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué já provocou pelo mais de 400 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos desde segunda-feira.
Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade naqueles três países africanos.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
No Zimbabué, as autoridades contabilizaram pelo menos 82 mortos e 217 desaparecidos, bem como cerca de 1.600 casas e oito mil pessoas afetadas no distrito de Chimanimani, em Manicaland.
No Maláui, as estimativas do Governo apontam para pelo menos 56 mortos e 577 feridos, com mais de 920 mil pessoas afetadas nos 14 distritos atingidos pelo ciclone, incluindo 460 mil crianças.