O “Caminho de Torres” é a mais recente rota a explorar nos caminhos de Santiago.
De vários pontos do mundo, peregrinos escolhem percursos e, de mochila às costas, vivem a experiência dos Caminhos de Santiago de Compostela até chegarem à Catedral. Situada na Galiza, liga-se a Portugal através de quatros grandes caminhos, o “Central”, o da “Costa”, o “Caminho Português do interior” e, mais recentemente, o “Caminho de Torres”.
Marcado por um percurso de 570 quilómetros e uma duração prevista de 24 dias, o “Caminho de Torres” proporciona "o encontro das origens de Portugal” e dá a conhecer “muitos vestígios do culto a Santiago”, explica Paulo Almeida, historiador e professor, em declarações à Renascença.
Num momento de breve pausa no caminho, o historiador explica ainda que “a sua origem radica de um poeta espanhol chamado Diego de Torres Villarro, que fez este caminho em 1737 e deixou um longo relato sobre todas as peripécias que viveu ao longo deste caminho.” Foi com base neste relato que esta rota surgiu, sendo que apenas a partir de 2017 passou a ser um caminho estruturado com sinalização, pontos de interesse e etapas definidas.
Paulo Almeida percorre por estes dias o caminho que ajudou a conhecer: “Nós passamos na Meseta Castellana Leonesa, em que, de facto, sentimos o poder do silêncio a apoderar-se de nós. Passamos por Salamanca, por Ciudad Rodrigo, depois, entramos em Almeida, e a paisagem muda completamente.”
Já em território nacional, o percurso permite conhecer “as terras mais remotas, tesouros escondidos e relembrar, em algumas cidades, as histórias do passado histórico e católico do país”.
O historiador descreve “um caminho que vai por Pinhel, Trancoso, Moimenta da Beira e, depois, deparamo-nos com o Douro, o alto-douro vinhateiro.
“Atravessámos o Douro em Peso da Régua, subimos ao alto de Quintela, o ponto mais elevado do caminho de torres, e a partir daí, encontramos um outro território. Um território mais ligado ao Minho. Entramos aí numa estrada medieval muito importante para a própria identidade de Portugal, que tem que ver com a passagens entre Amarante, o Mosteiro de Pombeiro em Felgueiras, Guimarães, Braga e, depois, finalmente, entroncamos com o caminho central em Ponte de Lima”, destaca.
É, no caminho central, que a jornada se transforma em partilha e onde peregrinos de vários percursos se unem num só caminho até Santiago de Compostela.
Com cada vez mais peregrinos, o “Caminho de Torres” ainda é “bastante recente e não tem aquela visibilidade que há pelos caminhos que passam pelo território Espanhol”, explica Catherine Freitas, CEO da Upstream-try Portugal.
A CEO da empresa que está a dinamizar este percurso explica que esta é uma opção para chegar a Santiago de Compostela que “pode ser vivenciada, tanto por peregrinos, como por visitantes”. Dar visibilidade ao “Caminho de Torres”, na sua vertente, não só de peregrinação, mas também o potencial cultural, gastronómico, histórico do território é de extrema importância, porque depois vai trazer outras pessoas com interesse ao usar o “Caminho de Torres” para vir conhecer o território.
Um dos marcos mais importantes da história da Europa, fortemente ligado à religião e a peregrinação, a Catedral de Santiago de Compostela, soma assim mais um percurso.