A Polícia Judiciária (PJ) diz que não tem quaisquer indícios de que o tráfico de seres humanos represente uma ameaça terrorista em Portugal.
Questionado sobre as notícias que dão conta da falta de meios para controlar a verdadeira dimensão do tráfico de pessoas no país, o diretor da Unidade de Combate ao Terrorismo da Judiciária relativiza os riscos e sublinha que, a par de prevenir sinais de atividades terroristas, também é importante impedir que os imigrantes sejam vítimas deste tipo de desconfiança.
"Não há qualquer indício nesse sentido. É evidente que esse é um trabaho diário que é feito por todas as forças de serviço de segurança, de antecipação, e que tem de ser feito quotidianamente e com toda a regularidade", declarou Luís Neves aos jornalistas no final de uma conferência sobre tráfico de seres humanos, organizada pelo sindicato dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que decorreu esta sexta-feira em Lisboa.
Para o responsável, "o que importa referir da parte das autoridades, neste caso da Polícia Judiciária, é que tudo faremos para que não seja permitido qualquer laivo de radicalismo relativamente a estas pessoas que vêm à procura de melhores condições de vida. São pessoas de que Portugal precisa por todas as razões, por crescimento económico e por questões de natalidade", sublinha Luís Neves. E acrescenta: "Naturalmente temos de ter um prisma humanista, grande e aberto, na perspetiva de os integrarmos em território nacional."
O responsável pelo combate ao terrorismo considera que a grande prioridade deve ser a prevenção, algo que, refere, começa com esta boa integração dos imigrantes que escolhem Portugal como seu destino final, independentemente de terem ou não sido traficados.
"Qualquer ser humano que seja estigmatizado e que não seja aceite naturalmente pode, de facto, ter problemas de integração. São esses problemas de integração que podem depois podem levar a outro tipo de atitudes em qualquer território e é isso que temos de antecipar."
Este trabalho de "aceitação e integração" de imigrantes, acrescenta Luís Neves, deve acontecer "no mais curto espaço de tempo possível", para que estas pessoas "possam de facto ter uma vida legal em qualquer um dos territórios".