A morte do general iraniano Qassem Soleimani pelos Estados Unidos foi um ato de “terrorismo de Estado” e o Irão irá responder em conformidade, anunciou nesta terça-feira o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros.
Em entrevista à CNN, Javad Zarif afirmou que o assassinato do líder militar em Bagdad, na semana passada, é “uma agressão contra o Irão”.
“É considerado um ataque armado contra o Irão e vamos responder”, garante. “Mas vamos responder de forma proporcional”, adiantou.
No sábado, Donald Trump afirmou que os Estados Unidos estavam prontos para atacar 52 locais no Irão, incluindo alguns de cariz cultural, caso Teerão atacasse algum local afeto aos EUA.
Na opinião de Javad Zarif, o Presidente norte-americano já demonstrou ao mundo que está disposto “a cometer crimes de guerra, uma vez que atacar locais culturais é assim considerado. E uma resposta desproporcionada [como Trump prometeu no domingo], é também crime de guerra”.
Qassem Soleimani era o responsável pela rede de exércitos no Médio Oriente e uma figura chave na campanha de longa duração para conduzir à saída das tropas norte-americanas do Iraque.
“Os Estados Unidos não podem ficar nesta região quando o povo já não os quer”, afirmou Zarif à CNN.
Questionada sobre um eventual encontro com Donald Trump, o chefe da diplomacia iraniano respondeu: “Não é preciso conversar. Ele só tem de compreender que foi mal informado. E precisa de acordar para a realidade e pedir desculpa. Tem de pedir desculpa, tem de mudar o rumo das coisas”.
Potências europeias querem evitar escalada
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, da França e do Reino Unido reúnem-se nesta terça-feira em Bruxelas para debater, com caráter de urgência, a situação de crise com o Irão.
Os chefes da diplomacia juntam-se ao Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, para analisar a reação à retirada de Teerão do acordo nuclear de 2015.
Foi no domingo que o Irão anunciou a saída do tratado que impõe limites à produção de urânio enriquecido – um acordo assinado com as principais seis potências mundiais (EUA, China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido) e do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, mas que os países europeus pretendem manter e até salvar.
Na segunda-feira, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, afirmou que as potências europeias iriam decidir em breve se avançariam para sanções a Teerão em caso de violação do tratado.
Antes, na sexta-feira, os chefes das diplomacias dos 28 Estados-membros reuniram-se em Bruxelas para analisar a situação criada pelos Estados Unidos com o Irão.
Em entrevista à agência Reuters, nesta terça-feira, o ministro adjunto dos Negócios Estrangeiros francês declarou que “é imperativo encontrarmos uma maneira para abrandar a escalada” da tensão.
“Os europeus precisam de ser a voz da razão. Por tudo aquilo que já aconteceu, é ainda mais importante contactar com todos os atores, de modo a evitar o perigoso ciclo de represálias que conduz a uma fatal escalada”, defendeu.