A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) lamenta que o Orçamento do Estado para 2023 deixe o livro de fora.
À Renascença, Pedro Sobral, presidente da APEL, diz estar "extremamente preocupado" por "nenhuma das medidas" apresentadas pela associação terem sido contempladas no documento apresentado esta segunda-feira pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.
"Nem o cheque-livro, nem a baixa do IVA, nem o reforço do orçamento das bibliotecas", especifica.
Neste sentido, o presidente da APEL aponta o dedo, sobretudo, para a discrepância entre os discursos políticos sobre a necessidade do incentivo à leitura e aquilo que está no Orçamento do Estado.
"Durante a Feira do Livro [de Lisboa], varíadissimos governantes que ali passaram acordaram a enorme necessidade de promover os índices de leitura em Portugal."
Pedro Sobral diz que o caso ganha pior figura especialmente tendo em conta que Fernando Medina, antigo presidente da câmara lisboeta, "disse, vezes sem conta, ano a ano, na inauguração da feira, que era estratégico e absolutamente imperativo promover os índices de leitura e criar medidas que permitissem essa promoção".
"E agora neste relatório não aparece absolutamente nada", critica. Aliás, "pior do que isso", "nas 420 páginas do relatório [do OE2023], não há uma menção ao livro e à promoção dos índices de leitura".
Segundo o presidente da APEL, a palavra "livro" aparecerá apenas uma vez, relativamente ao apoio às edições que comemorem os 50 anos do 25 de Abril.
Ainda assim, Pedro Sobral tem esperança que no debate da especialidade e na discussão da generalidade, "haja espaço para poder preconizar medidas que ataquem esse problema", no que diz respeito aos apoios ao setor livreiro e à promoção dos hábitos de leitura.
"Há um estudo que aponta [que], em 2020, 61% dos portugueses não leram um livro. Continuamos a ter os segundos mais baixos índices de literacia da Europa", lamenta o presidente da APEL.