O ex-ministro Pedro Nuno Santos rejeitou esta quinta-feira que tenha havido interferência política na TAP, considerando que as audições na comissão de inquérito o comprovam, reiterando que os governantes “não se comportam como gestores”.
“Ao longo destas dezenas de audições, o que se consegue comprovar […] é que não há interferência na gestão corrente da TAP”, afirmou o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea.
Pedro Nuno Santos, que está pela segunda vez no espaço de poucos dias a ser ouvido no parlamento sobre a TAP, apontou uma “exceção que confirma a regra”, em relação à polémica em torno da substituição da frota automóvel da companhia aérea, em que o Governo, “provavelmente errado”, pediu à empresa para pensar numa alternativa, tendo em conta a dimensão política que o caso ganhou.
“Eu não percebo de aviação e sabia que no dia em que começasse a dar instruções na gestão da empresa as coisas iam correr mal”, sublinhou o ex-governante que se demitiu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros paga à ex-administradora da companhia Alexandra Reis.
Pedro Nuno Santos recordou as declarações da ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, sobre ter sentido pressão política enquanto esteve em funções, mas apontou que a gestora, “em nenhum momento”, se referia a si.
O ex-ministro leu excertos de intervenções passadas no parlamento em que afirmou: “O Estado comporta-se como acionista e os ministros não se comportam como gestores”.
Pedro Nuno Santos assumiu ter responsabilidades na perceção de interferência na empresa, “que não corresponde à realidade”, pela forma como se entregou a este tema e pela defesa da empresa no seu “estilo” e “registo”.
“Entreguei-me de corpo e alma ao dossiê da TAP, […] eu queria que as coisas corressem bem, dei a cara, dei o corpo às balas, entreguei-me pela empresa, mas sabia que a melhor forma para coisas correrem bem era não me meter na gestão”, referiu.