O presidente do PSD desvalorizou hoje os documentos que lhe foram enviados na semana passada pelo primeiro-ministro, dizendo que de confidencial têm zero, e questionou se o problema pode estar no gabinete de António Costa.
Na intervenção de abertura do Conselho Nacional, aberta à comunicação social, Luís Montenegro referiu-se pela primeira vez à resposta que foi dada pelo primeiro-ministro à carta por si enviada a insistir na demissão da secretária-geral do SIRP, a quem ameaçou retirar a confiança política, na sequência da atuação das "secretas" na recuperação do computador de um ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas.
"O primeiro-ministro respondeu-me - entre umas graçolas, porque leva para a brincadeira quando estamos a falar de assuntos de Estado -- e enviou-me dois documentos que são confidenciais, mas que de confidencial têm zero", afirmou.
Os documentos que Costa disse ter enviado a Montenegro classificados como confidenciais são a resposta escrita que o diretor do Serviço de Informações de Segurança (SIS), Adélio Neiva da Cruz, enviou ao Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa em 02 de maio e o relatório da Comissão de Fiscalização de Dados do Sistema de Informações da República Portuguesa, de 22 de maio.
Segundo Montenegro, são "dois relatórios" em que ambos os Conselhos perguntaram aos serviços o que tinha acontecido na noite de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas e a que os serviços responderam "de forma genérica".
"Não estou a quebrar a confidencialidade dos documentos, mas quero dizer ao primeiro-ministro: se pensa que condiciona a posição política do PSD por alegadamente ter enviado ao PSD dois documentos muito suscetíveis de conter informação confidencial, desengane-se, nós não vamos nesse tipo de manobra", disse.
O presidente do PSD reiterou a sua posição de que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, contrariou o que foi afirmado pelo secretário de Estado Adjunto António Mendonça Mendes, sobre quem sugeriu a intervenção dos serviços de informações na noite de 26 de abril e deixou uma suspeita.
"Se o primeiro-ministro acha normal que um ministro diga o contrário do seu gabinete, se calhar o problema está no seu gabinete, e ainda é pior do que nós achávamos", sugeriu.