Autarcas do Alto Tâmega vão concentrar-se esta terça-feira frente à sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), para contestar o encerramento do único balcão bancário de Pedras Salgadas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar.
No âmbito do plano de reestruturação da CGD, o banco público deverá encerrar, a 29 de junho, o balcão de Pedras Salgadas, tendo os clientes de se passar a deslocar seis quilómetros até à sede do concelho. Com este encerramento, os clientes ficam também sem a única caixa de multibanco, “mais uma machadada no progresso económico e social desta vila termal”, desabafa António Batista, de 67 anos, presidente da Associação dos Amigos de Pedras Salgadas.
Além do “transtorno para as pessoas mais velhas, que têm que se deslocar à sede de concelho, o encerramento vai ter consequências nefastas em termos de turismo e mesmo a nível empresarial, pois não podemos esquecer que temos em Pedras Salgadas extração dos granitos e uma zona industrial”, realça o habitante.
Apelo a MarceloLucinda Pinto, de 75 anos, não entende como se “fecham serviços às populações mais velhas” e se “contribui, com este tipo de medidas, para a desertificação do país”. Também Emília Oliveira, proprietária de um supermercado, diz que faz toda a diferença não haver um banco na localidade. “Os idosos vêm aqui levantar as reformas e depois, se tiverem que ir para Vila Pouca de Aguiar, fazem lá as compras e nós, os comerciantes, podemos fechar as portas”, frisa.
O presidente da Junta de Freguesia de Bornes de Aguiar, Rogério Barroso Martins, não aceita o encerramento do balcão de Pedras Salgadas e atira-se às “políticas de administração do território que, neste país, não funcionam de acordo com a conveniência do território, com políticas feitas em cima do joelho, em função das necessidades, não olhando às assimetrias nem às potencialidades”.
“Temos o dever de dar vida a quem está a respirar. Se nos querem asfixiar, venham ter connosco e digam-nos. É uma política de faz de conta. Os políticos defendem determinadas posturas que, na prática, não são capazes de implementar. Fazem erros de gestão. E o povo não comete erros de gestão, porque o povo é um bom gestor”.
Agastado e revoltado com a perda de um serviço que considera vital para o desenvolvimento da região, Rogério Martins apela à intervenção do Presidente da República, para que “não existam ‘portugais’ em Portugal”.
CGD não querer dialogar nem ouvir
Após várias diligências efetuadas pela autarquia de Vila Pouca de Aguiar para reunir com a administração da CGD, que se revelaram "infrutíferas", uma delegação de cerca de meia centena de pessoas, composta por presidentes de câmaras do Alto Tâmega, juntas de freguesias e deputados da assembleia municipal, vão concentrar-se, esta terça-feira, às 14h30, frente às instalações da CGD, em Lisboa, com o objetivo de reunir com a sua administração.
O presidente da autarquia de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, não compreende o “encerramento do balcão em pedras Salgadas” e não compreende a “atitude da administração da CGD em não querer dialogar e ouvir os argumentos de quem está no território e sabe o quanto o serviço é necessário para as populações”.
Alberto Machado afirma que o balcão da CGD “dá lucro” e está instalado num edifício pertencente ao banco público. “A agência dá lucro e vai encerrar. Então, perguntamos qual o critério para fechar. E foi-nos apontado como único critério o geográfico. A justificação é que o balcão de Vila Pouca de Aguiar fica a 10 quilómetros”, refere o autarca.
Segundo o autarca, a agência da Caixa Geral de Depósitos de Pedras Salgadas é a “única agência bancária existente na vila, dá resposta direta aos habitantes residentes em sete freguesias do concelho, serve diretamente 30 aglomerados urbanos, serve mais de 5000 clientes residentes, aos quais devemos considerar cumulativamente os emigrantes, com raízes nestas comunidades, e que nesta agência financeira têm a sua referência bancária”.
“Matar vila” com “grande vitalidade económica”
Alberto Machado teme que o fecho da Caixa vá “matar a vila”, onde existem 57 estabelecimentos comerciais, uma Zona Industrial onde estão já sediadas 29 empresas e uma grande vitalidade económica.
“Das 10 maiores empresas exportadoras do concelho do concelho, 7 localizam-se na área de influência de Pedras Salgadas, das 10 maiores empresas do concelho em número de trabalhadores, 6 localizam-se na zona das Pedras Salgadas, na extração e transformação do granito de Pedras Salgadas, 17 empresas contribuem significativamente para o volume de criação de riqueza e a balança comercial através das exportações”, exemplifica.
O autarca lembra ainda que “só a empresa VMPS, que explora a famosa água mineral Água das Pedras, emprega 206 funcionários” e que “no Parque Termal de Pedras Salgadas têm sido realizados avultados investimentos de promoção turística, num âmbito de eco parque, cuja qualidade é comprovada pelos inúmeros prémios internacionais que tem merecido”.
Na vila de Pedras Salgadas existe Espaço do Cidadão, Centro de Serviços Públicos, Centro Escolar desde o pré-escolar ao secundário, posto de GNR, dois lares de idosos privados, um centro de dia e centro escolar privado, pavilhão gimnodesportivo, Posto Médico, farmácia, sede da AIGRA (Associação dos Industriais do Granito) e várias coletividades desportivas e culturais.
Com o objetivo de reverter a intenção de encerramento da agência CGD em Pedras Salgadas, o Executivo Municipal de Vila Pouca de Aguiar enviou correspondência ao Presidente da República, Primeiro-Ministro, Administração da Caixa Geral de Depósitos, Grupos Parlamentares da Assembleia da República e Associação Nacional de Municípios Portugueses, e outros representantes da Administração Central e Regional.