O Governador do Banco de Portugal confirma que em Janeiro de 2014 deu a entender a Ricardo Salgado que não tinha condições para continuar à frente do Banco Espírito Santo (BES).
Na audição que está a decorrer no Parlamento, Carlos Costa explicou que não retirou a idoneidade ao presidente do BES porque ainda não tinha provas suficientes para o fazer.
Em resposta à deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua o Governador foi claro sobre a indicação dada a Salgado seis meses antes da resolução.
“Alguma vez disse a Ricardo Salgado que ele já não tinha idoneidade? Claro que sim. Por isso é que os factos levaram onde levaram. Mas em que momento é que disse a Ricardo Salgado que não tinha idoneidade? É que, segundo a sua entrevista ao Público, terá sido em Janeiro de 2014? Exactamente”.
Uma explicação que não convenceu a deputada do Bloco que voltou a insistir sobre as razões que levaram o Banco de Portugal a não retirar a idoneidade a Ricardo Salgado. O governador insistiu que dados os passos então dados pelo Banco de Portugal já não era preciso dizer mais nada.
“Não lhe posso dizer se usei a palavra idoneidade. O que lhe posso dizer é que as consequências práticas foram exactamente as mesmas e foram entendidas da mesma forma. Não estávamos a falar de pombas, estávamos a falar de idoneidade”, referiu.
O Governador do Banco de Portugal revelou ainda que alertou os accionistas do BES para os problemas que já estavam sob suspeita e que nada fizeram.
Nesta audição, Carlos Costa desfaiou ainda os deputados a constituírem um comité com representantes de todos os partidos parlamentares para poderem consultar documentos confidenciais no Banco de Portugal, uma consulta que teria de ser feita sem telefones nem outras formas de registo.