Os comportamentos adotados contra dois caloiros em setembro de 2018, em nome de uma praxe académica que os arguidos designam por “latada”, colocam oito estudantes da Universidade da Beira Interior no banco dos réus.
No despacho instrutório a que a Renascença teve acesso, datado de dia 9 de maio, a juiz de instrução da Covilhã valida toda a prova constante da acusação, pronunciando todos os arguidos.
Os oito estudantes, membros de um grupo intitulado “Dominus Praxis”, estão acusados de ser coautores, em concurso efetivo, e na forma consumada, de dois crimes de sequestro agravado, dois crimes de ofensas à integridade física qualificada e dois crimes de coação agravada. Crimes puníveis, cada um deles, com pena de prisão superior a cinco anos.
As duas vítimas foram obrigadas a entrar para o interior de uma viatura, foram encapuzados e depois colocados à beira de um precipício, do qual não se avistava o fundo da ravina. Aí foram obrigados a despir as calças e a colocar-se de mãos e joelhos no chão, tendo sido agredidos várias vezes com uma pá. Foram no final ameaçados de serem enfiados em sacos de plástico e atirados à ravina, se denunciassem o que lhes tinha acontecido.
Uma das vítimas acabaria por narrar o caso ao Reitor da Universidade da Beira Interior que o denunciou ao Ministério Público.
Oito estudantes foram acusados em maio de 2021. Um dos arguidos requereu a abertura de instrução, mas um ano depois acabou pronunciado tal com os outros sete.
Vão ser julgados por um coletivo do Tribunal Central Criminal de Castelo Branco.