A ministra da Justiça disse esta quinta-feira que "nunca nada ficará como antes" no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), mas que não será extinto.
Falando à margem da reinauguração das instalações do Supremo Tribunal de Justiça, Francisca Van Dunem disse está fora de hipótese a extinção pura e simples do TCIC, tribunal especializado na criminalidade mais grave e complexa, mas que "nunca nada ficará como antes", lembrando que há três hipóteses de trabalho que estão a ser analisadas.
"O Governo colocou em cima da mesa três hipóteses: o aumento do número de magistrados do TCIC, a sua incorporação no Tribunal de Instrução Criminal ou a possibilidade de serem criados núcleos deslocalizados do TCIC ao nível dos quatro tribunais da Relação", afirmou.
Questionada sobre o discurso do presidente do STJ que falou na dificuldade de gestão dos megaprocessos como uma impotência do sistema e a necessidade de se legislar de forma maturada, nomeadamente sobre o enriquecimento injustificado, a ministra referiu que, "no essencial" concordou com a intervenção do juiz conselheiro. .
"Concordo essencialmente com a intervenção do senhor presidente", afirmou Francisca Van Dunem, referindo os "problemas organizativos e gestionários" de tribunais e de processos apontados por António Joaquim Piçarra na cerimónia.
O presidente do STJ, que está de saída do cargo este mês, tinha apontado no seu discurso a gestão dos megaprocessos dos crimes económicos como a "grande impotência" do sistema judicial, dizendo que põe em causa o funcionamento e a credibilidade da justiça e da democracia.
"A grande dificuldade é a gestão dos processos especialmente complexos, especialmente na área criminal. Este continua a ser o maior problema, esta é a grande impotência do sistema. E é uma falta grave que põe em causa o funcionamento de toda a justiça, afeta seriamente a sua credibilidade e motiva a desconfiança dos cidadãos", afirmou.
No final da cerimónia, que contou com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro, o conselheiro falou com os jornalistas e insistiu na necessidade de "não se reformar de forma irracional e a quente", quanto ao enriquecimento injustificado, ilícito cuja criminalização está em discussão na Assembleia da República, apelando a que as propostas tenham um largo espetro político. .
Questionado mais uma vez sobre a fase facultativa de instrução dos processo-crime, o juiz conselheiro ressalvou que esta "deveria ter um recorte diferente" de forma a "tornar o processo mais ágil e evitar que a mesma se torne num pré-julgamento ou num contra-inquérito".