O Governo canadiano exigiu ao embaixador chinês explicações relativamente às alegadas esquadras de polícia chinesas no Canadá e alertou para possíveis medidas de reação.
"Pedimos ao embaixador que viesse falar connosco em várias ocasiões e exprimimos a nossa grande preocupação" sobre este tema, disse Weldon Epp, diretor-geral para o nordeste asiático no Ministério dos Negócios Estrangeiros canadiano.
Pequim garantiu que essas "esquadras" não têm nada de policial, mas têm como "objetivo principal fornecer uma assistência gratuita aos cidadãos chineses".
O diplomata canadiano falou na terça-feira perante uma comissão parlamentar sobre a relação entre o Canadá e a China.
"O Governo do Canadá insistiu formalmente para que o Governo chinês leve em consideração, incluindo o embaixador e a sua embaixada, todas as atividades no Canadá que não estão em conformidade com a Convenção de Viena (sobre as relações diplomáticas) e que se certifique de que elas cessam", disse.
Otava considera a possibilidade de "tomar outras medidas, em função da resposta", disse ainda Epp.
As declarações acontecem um mês depois de a polícia federal canadiana ter adiantado estar a investigar informações segundo as quais a China teria instalado esquadras de polícia no Canadá, onde teria assediado cidadãos chineses expatriados.
A investigação foi aberta depois de um grupo de defesa dos direitos humanos, Safeguard Defenders, ter revelado a existência de 54 destas esquadras no mundo, das quais três se localizam na região de Toronto, a maior cidade canadiana.
De acordo com a ONG sedeada em Espanha, algumas dessas esquadras colaboram com a polícia chinesa para levar a cabo "operações e manutenção da ordem em solo estrangeiro".
Em reação, Wang Wenbin, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, classificou as informações como "completamente falsas" em conferência de imprensa, garantindo que Pequim respeita "plenamente" a soberania dos outros países.
Na Europa, Portugal e Países Baixos constam do relatório da Safeguard Defenders como países onde também foram instaladas esquadras chinesas.
Em Portugal, onde alegadamente existem três estruturas destas, o caso foi denunciado no parlamento pela Iniciativa Liberal, com Cotrim de Figueiredo a confrontar o primeiro-ministro António Costa com os dados do relatório da ONG espanhola.
No final de outubro, a Comissão Europeia disse que cabe aos Estados-membros investigar a existência de alegadas esquadras chinesas na União Europeia (UE), nomeadamente em Portugal, vincando que, embora não tenha sido informada, pode mobilizar apoio para os países, se necessário.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou estarem em curso investigações do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) ao caso do alegado funcionamento ilícito de "esquadras chinesas" em Portugal.