As taxas de inflação ultrabaixas na zona euro não devem regressar mesmo após o fim da pandemia, disse o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, citando mudanças na economia global entre outros fatores.
Lane havia descartado a ideia de uma nova era para a inflação até recentemente, e tem revisto a sua visão, preparando o terreno para uma mudança de política no BCE após quase uma década de taxas de juros ultrabaixas e maciças compras de títulos.
"Existem vários fatores que indicam que o ambiente de inflação excessivamente baixa que prevaleceu de 2014 a 2019 (um período em que a inflação anual média foi de apenas 0,9%) pode não ressurgir mesmo após o término do ciclo da pandemia", disse Lane num evento do MNI.
O economista-chefe do BCE creditou o apoio económico sem precedentes implantado pelos governos da zona euro e pelo próprio BCE em resposta à pandemia de coronavírus, mas também mudanças estruturais, como menos exportações da China.
O BCE está sob pressão do mercado para aumentar as taxas dos depósitos bancários, atualmente em -0,5%, em face da inflação teimosamente alta da zona euro. Este indicador atingiu 5,1% em Janeiro, bem mais que o dobro da meta de 2% do BCE.