Manuel Alegre, que foi candidato presidencial em 2011 e 2006, apoia a candidatura presidencial de Maria de Belém Roseira. Num artigo publicado esta terça-feira no “Diário de Notícias”, Alegre considera que a ex-ministra da Saúde tem "condições para derrotar qualquer candidato de direita".
No artigo, Alegre lembra que Maria de Belém foi a mandatária nacional da sua segunda candidatura presidencial, em 2011, e esteve a seu lado no congresso socialista de 2004, quando Alegre disputou a liderança do partido com José Sócrates e João Soares. Mas diz que não é por isso que a apoia. Mas sim porque "Maria de Belém é uma socialista substantiva, com uma longa biografia política e provas dadas na luta pelos valores da liberdade, pelos direitos sociais, pela igualdade de género e pelos serviços públicos que simbolizam a natureza progressista e igualitária da nossa democracia".
O poeta e ex-dirigente socialista acha que "é tempo de Portugal ter uma mulher na Presidência da República" e considera que "muitas das críticas a Maria de Belém partem de preconceitos sexistas e machistas".
Alegre escreve que não se resigna a que o PS e a esquerda voltem a perder uma eleição presidencial e dá resposta às acusações de que a candidatura da ex-ministra da Saúde está a dividir o PS.
Maria de Belém anunciou esta segunda-feira que será candidata à Presidência e que apresentará essa candidatura depois das eleições legislativas de 4 de Outubro. Vários dirigentes do PS e os ex-presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio já anunciaram o apoio a Sampaio da Nóvoa, o antigo reitor da Universidade de Lisboa, que já anda em campanha pelo país.
"Não há proprietários da esquerda nem monopólio de candidaturas. Maria de Belém, ao contrário do que alguns disseram, não divide, não fractura nem é redutora, antes tem condições para unir, alargar e mobilizar aqueles que, dentro e fora do PS, na sociedade civil e em diversificados sectores da vida pública, desejam a mudança, um Presidente que respeite a Constituição e seja, de facto, o Presidente de todos os portugueses", escreve Manuel Alegre no artigo publicado no "Diário de Notícias".
Alegre – que, em 2006, foi candidato sem o apoio do PS e, em 2011, com o apoio do seu partido - escreve ainda que "ninguém tem o exclusivo da cidadania". E, no que pode ser entendido como uma indirecta para Sampaio da Nóvoa, acrescenta que "ser membro de um partido não constitui uma menoridade cívica, como ser independente não confere a ninguém um estatuto de superioridade sobre quem assume a sua filiação partidária".