O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) vai avançar com uma queixa-crime contra as "declarações caluniosas" do ministro da Administração Interna (MAI) e do primeiro-ministro, que o acusaram de apelar ao boicote às eleições legislativas.
De acordo com o advogado do sindicato, Alexandre Zagalo, a estrutura sindical avança com a ação judicial contra várias pessoas, incluindo o MAI e o próprio primeiro-ministro, pela interpretação que fizeram das suas declarações e pela associação do presidente do Sinapol, Armando Ferreira, a movimentos extremistas.
"Dizer que o presidente ameaçou boicotar as eleições é calunioso", afirmou o advogado, referindo que Armando Ferreira apenas quis alertar para o risco de falta de policiamento a 10 de março.
O ministro da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito sobre declarações de Armando Ferreira relativas à atividade da PSP no contexto dos próximos atos eleitorais, nomeadamente a possibilidade de estar em causa o transporte de urnas de votos.
Numa entrevista à estação televisiva SIC Notícias, o presidente do sindicato disse que não só os jogos de futebol estão em risco, como também podem estar as eleições legislativas, porque são os polícias que transportam as urnas de voto.
"Temo que se calhar o senhor primeiro-ministro não vai ficar em funções só até ao dia 10 de março. (...) Quem transporta os boletins e urnas de voto são as forças de segurança e, se acontecer nesse dia algo semelhante ao que está a acontecer hoje, as coisas podem ganhar uma dimensão maior", afirmou na altura.
Segundo o advogado do Sinapol, foi José Luís Carneiro a "atirar a primeira pedra" quando "pretende escrutinar, sindicar as palavras do presidente". No passado fim de semana, o ministro afirmou que as declarações do presidente do sindicato "ameaçaram colocar em causa a atividade da PSP durante os próximos atos eleitorais".