O Papa Francisco apelou à caridade e à ação dos cristãos em relação aos migrantes, na homilia da celebração eucarística deste domingo, na Praça de São Pedro, no Vaticano, por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Porém, não resumiu a mensagem a este grupo, alargando-a a “todos os habitantes das periferias existenciais”.
“Como cristãos, não podemos permanecer indiferentes diante do drama das velhas e novas pobrezas, das solidões mais sombrias, do desprezo e da discriminação de quem não pertence ao ‘nosso, grupo. Não podemos permanecer insensíveis, com o coração anestesiado, diante da miséria de tantos inocentes. Não podemos não chorar. Não podemos não reagir”, instou.
Francisco frisou neste 105.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado um tema: “Não se trata apenas de migrantes”. E pediu reflexão sobre “as injustiças que geram exclusão, em particular sobre os privilégios de uns poucos que, para se manterem, resultam em detrimento de muitos”.
“O mundo atual vai-se tornando, dia após dia, mais elitista e cruel para com os excluídos”, sublinhou, continuando: “As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas para as fazer são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados por tais conflitos”.
“Amar o próximo como a nós mesmos quer dizer também comprometer-se seriamente pela construção de um mundo mais justo, onde todos tenham acesso aos bens da terra, onde todos tenham a possibilidade de se realizar como pessoas e como famílias, onde a todos sejam garantidos os direitos fundamentais e a dignidade”, concluiu.
No âmbito destas celebrações, o Papa inaugurou uma escultura de bronze e barro que representa um grupo de migrantes de várias culturas e diversos períodos históricos. “Quis esta obra de arte aqui na Praça de São Pedro, para recordar a todos o desafio evangélico do acolhimento”.
Nos Camarões, abalados por um conflito que opõe as populações francófonas e anglófonas, arranca esta segunda-feira um debate nacional promovido pelo presidente Paul Biya, para o qual foram convidados os líderes religiosos do país. Francisco referiu-se à situação antes do Angelus.
“Sinto-me próximo dos sofrimentos e das esperanças do amado povo camaronês e convido todos a rezar para que tal diálogo possa trazer frutos e levar a soluções de paz justa e duradoura, em benefício de todos”, acentuou.