A Rússia denunciou esta segunda-feira a destruição de um posto fronteiriço no seu território por um obus disparado da Ucrânia, mas as forças armadas ucranianas no leste do país negaram ter feito qualquer disparo.
Numa declaração divulgada pelas agências russas, o Serviço Federal de Segurança (FSB, que sucedeu ao KGB) disse que "um obus não identificado disparado do território da Ucrânia destruiu completamente um posto de guarda fronteiriço na região de Rostov".
O incidente ocorreu às 09h50 locais (06h50 em Lisboa) a cerca de 150 metros da fronteira entre os dois países, segundo o FSB, citado pela agência francesa AFP.
"Não houve vítimas, os desminadores estão a trabalhar no local", disse a agência de segurança russa, que também é responsável pelo serviço de guarda de fronteiras.
Um vídeo atribuído ao FSB e publicado pela agência estatal Ria Novosti mostra um pequeno edifício destruído no meio de uma planície arborizada, com escombros espalhados no chão.
Um porta-voz das forças armadas ucranianas em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, negou qualquer fogo de artilharia contra o posto fronteiriço no setor de Rostov e referiu-se a um ato de desinformação russa.
"Não podemos impedi-los de produzir esta falsa informação (...), mas insistimos que não estamos a disparar sobre nenhuma infraestrutura civil ou sobre a região de Rostov", disse Pavlo Kovalchuk à AFP.
O porta-voz militar disse que "não há fogo de artilharia sobre as forças de ocupação russas".
A luta entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos apoiados por Moscovo intensificou-se nos últimos três dias no Donbass, na zona oriental da Ucrânia, uma região na fronteira sudoeste da Rússia.
O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado 150.000 tropas nas fronteiras da Ucrânia para invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Os países ocidentais dizem que a Rússia poderá tentar criar um incidente para justificar um ataque e que a intensificação dos combates no Donbass poderá enquadrar-se nessa estratégia.
Kiev e os separatistas pró-russos estão em conflito desde 2014, numa guerra que já provocou mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.