Problemas nas urgências estão a atrasar o transporte de doentes. O que se passa?
26-06-2024 - 08:42
 • Hugo Monteiro

Lisboa e Vale do Tejo e a Península de Setúbal são as regiões mais problemáticas neste altura, de acordo com o presidente da Liga dos Bombeiros.

No Explicador olhamos para o alerta da Liga dos Bombeiros: os problemas nas urgências estão a atrasar o transporte de doentes.

Afinal, o que se passa?

O problema está na imprevisibilidade do encerramento de várias urgências hospitalares, que faz com que, em muitos casos, os bombeiros não saibam quais os serviços que estão a funcionar, nem para onde podem transportar os doentes.

A consequência: as ambulâncias chegam a demorar o dobro do tempo para levar doentes a um hospital. O que, nas situações de emergência em que todos os minutos contam para salvar vidas, pode ser um problema.

Mas o dobro do tempo, porquê?

Exatamente porque as corporações de bombeiros não sabem, à partida, a que hospital recorrer. Se a urgência mais próxima está fechada, não há um hospital mais perto e, muitas vezes, o hospital de referência fica a vários quilómetros de distância.

Ou seja, as ambulâncias ficam presas mais tempo do que o habitual e não podem socorrer outras situações.

O presidente da Liga dos Bombeiros diz mesmo que há situações em que as ambulâncias chegam a esperar 20 a 30 minutos até que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes dê indicação sobre o hospital a que se devem dirigir, já com o doente dentro da ambulância.

Esses atrasos estão a acontecer em todo o país?

Principalmente nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e da Península de Setúbal. Afinal são aquelas em que se têm verificado, também, os maiores constrangimentos nas urgências.

E em todas as especialidades?

Se não em todas, pelo menos em muitas. Os constrangimentos nas escalas urgências não são um exclusivo das especialidades de ginecologia, obstetrícia e pediatria.

Há outras especialidades, como é o caso da traumatologia, que também estão com problemas.

E esta área é particularmente sensível, porque - por exemplo - nos acidentes de viação com doentes politraumatizados, é precisamente para estas unidades de traumatologia que os doentes são transportados.

Uma vez mais, se há atrasos no transporte destes doentes, pode - no limite - estar em causa o risco de vida.

Perante isto, o que vai fazer a Liga dos Bombeiros?

Já pediu uma reunião à ministra da Saúde, Ana Paula Martins. Há também a promessa de pedir uma reunião com caráter de urgência ao novo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde para encontrar soluções para esta situação complexa e que está a condicionar o socorro.

E os constrangimentos nas urgências continuam?

Continuam, mas esta semana com menos serviços encerrados. Por exemplo, nos hospitais São Bernardo, em Setúbal, Garcia de Orta, em Almada, e no Santa Maria, em Lisboa, a urgência de obstetrícia continua fechada.

Desde terça-feira que os utentes podem consultar os serviços de urgência disponíveis nos próximos sete dias através de uma página interativa no portal do Serviço Nacional de Saúde.