Mundo quer que G20 forneça respostas para o clima e para os conflitos mundiais
17-11-2024 - 23:05
 • Reuters

O chefe climático da ONU, Simon Stiell, escreveu uma carta aos líderes do G20 no sábado implorando que ajam sobre o financiamento climático, incluindo o aumento de doações para países em desenvolvimento e o avanço das reformas dos bancos multilaterais de desenvolvimento.

As tensões diplomáticas sobre o aquecimento global ocuparão o centro do palco na cúpula do G20 no Brasil, já esta segunda-feira, numa altura em que as negociações na COP 29, no Azerbaijão, chegaram a um impasse sobre o financiamento climático que esperam que os líderes das 20 principais economias do mundo possam romper.

Os chefes de Estado que chegarão ao Rio de Janeiro no domingo para a cúpula do G20 passarão a segunda e a terça-feira a abordar questões que vão desde a pobreza e a fome, até à reforma das instituições globais. Ainda assim, as negociações climáticas em andamento na ONU viram os olhares para este tema.

Enquanto a cúpula da COP29 em Baku, no Azerbaijão, tem a tarefa de chegar a um acordo sobre a meta de mobilizar centenas de milhões de dólares para o clima, os líderes do Grupo das 20 principais economias do outro lado do mundo, no Rio de Janeiro, estão em controlo do dinheiro.

Os países do G20 respondem por 85% da economia mundial e são os maiores contribuidores para os bancos multilaterais de desenvolvimento que ajudam a orientar o financiamento climático. São também responsáveis por mais de três quartos das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo.

"Todos os países devem fazer sua parte. Mas o G20 deve liderar", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na COP29 na semana passada. "São os maiores emissores, com as maiores capacidades e responsabilidades", reiterou.

Chegar a tal acordo só pode ficar mais difícil com o regresso ao poder do Presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, que está a preparar-se o para retirar novamente os Estados Unidos do acordo climático de Paris.

Trump também planeia reverter a legislação climática histórica aprovada por Joe Biden, que se tornou no primeiro Presidente dos EUA a visitar a floresta Amazónia este domingo.

O chefe climático da ONU, Simon Stiell, escreveu uma carta aos líderes do G20 no sábado implorando que hajam sobre o financiamento climático, incluindo o aumento de doações para países em desenvolvimento e o avanço das reformas dos bancos multilaterais de desenvolvimento.

No entanto, as mesmas lutas que atormentaram a COP29 desde que começou na semana passada estão a espalhar-se para as negociações do G20, de acordo com diplomatas próximos às negociações do Rio de Janeiro.

A COP29 deve estabelecer uma nova meta de quanto financiamento deve ser direcionado dos países desenvolvidos, bancos multilaterais e do setor privado para as nações em desenvolvimento. Economistas disseram à cúpula que deveria ser de pelo menos mil milhões de biliões.

Os países ricos, especialmente da Europa, têm dito que uma meta ambiciosa só pode ser acordada se expandirem a base de contribuintes para incluir algumas das nações em desenvolvimento mais ricas, como a China e os principais produtores de petróleo do Médio Oriente.

No sábado, as discussões de uma declaração conjunta do G20 no Rio concentraram-se na mesma questão, com nações europeias a pressionar mais países para contribuir e países em desenvolvimento como o Brasil recuando, disseram diplomatas próximos às negociações à Reuters.

O sucesso não apenas da COP29, mas também da próxima cúpula climática da ONU - a COP30 sediada no Brasil no próximo ano - depende de um avanço no financiamento climático.

Uma peça central da estratégia brasileira da COP30 é a "Missão 1.5", um esforço para manter viva a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius. A ONU estima que as metas nacionais atuais fariam com que as temperaturas subissem pelo menos 2,6 graus.

Os países em desenvolvimento argumentam que só podem aumentar suas metas de redução de emissões se as nações ricas, que são as principais culpadas pelas mudanças climáticas, pagarem a conta.

"É tecnicamente possível atingir a meta de 1,5 graus Celsius, mas somente se uma mobilização maciça liderada pelo G20 para reduzir todas as emissões de gases de efeito estufa ... é alcançado", disse o primeiro-ministro das Bahamas, Philip Davis, na COP29 na semana passada.