As declarações da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sobre não ficar doente em agosto, são um “disparate” e “incompreensíveis”, afirma o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
Em declarações à Renascença, o bastonário não entende qual é o objetivo da responsável pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Eu acho que estas declarações da Dra. Graça Freitas são um disparate. Eu não sei exatamente qual é o objetivo, mas se não tiver nenhum objetivo é um disparate, porque a atividade durante o mês de agosto não tem a ver propriamente com os médicos, tem a ver com aquilo que acontece com as famílias, os miúdos de férias, etc…”, afirma Miguel Guimarães.
“Uma parte significativa das pessoas faz férias em agosto, os médicos e os enfermeiros que trabalham nos hospitais têm períodos de férias, mas nunca estão todos de férias ao mesmo tempo”, sublinha.
Questionado se Graça Freitas está a assumir a impotência do Serviço Nacional de Saúde, o bastonário dos médicos diz que não lhe compete dizer se a diretora-geral da Saúde tem condições para continuar no cargo.
“Acho que a Dra. Graça Freitas já fez um grande trabalho com a pandemia, com pontos altos e baixos, e acho que neste momento está um bocado a inventar. Não percebo as declarações dela.”
“Acho um disparate total, porque isto é mau, está a introduzir uma carga negativa no sistema. As pessoas têm regras para ter férias. Se a Dra. Graça Freitas tem dúvidas, fala com os presidentes dos conselhos de administração, se ainda assim continuar com dúvidas: ou saem eles ou sai ela. Há qualquer coisa que não está bem”, conclui Miguel Guimarães.
Numa reação política, Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD e médico, culpa o primeiro-ministro, António Costa, pela situação.
“Aquela que foi a afirmação da diretora-geral da Saúde, de que os portugueses não podem adoecer em agosto porque há um maior risco para a sua saúde, é uma afirmação da incapacidade do atual Governo de fazer um planeamento dos recursos humanos, apenas a continuação do conjunto de situações que temos assistido nas urgências de norte a sul do país”, afirma à Renascença o deputado social-democrata.
“O primeiro-ministro, António Costa, é o primeiro responsável pelo que está a acontecer, porque continua a dar o apoio total e ainda ontem assumiu a responsabilidade total por todas as declarações da ministra da Saúde e da Direção-Geral da Saúde”, sublinha Ricardo Baptista Leite.
As declarações da diretora-geral da Saúde foram proferidas, quarta-feira, na apresentação do plano de contingência da DGS para o verão.
“Costumo dizer que a pior coisa que nos pode acontecer é adoecer em agosto. Porque também os nossos médicos não está lá, estão de férias noutro sítio qualquer. Não é uma piada de mau gosto, estou a constatar um facto. Agosto não é um bom mês para se ter acidentes e doenças”, declarou Graça Freitas.