A região do Oeste já começou a ser “inundada” por milhares de trabalhadores sazonais e mais vão continuar a chegar nos próximos meses. A campanha do tomate já arrancou, sobretudo com portugueses, mas, até início de agosto, seguem-se as campanhas da pera e da maçã, entre outras, levadas a cabo sobretudo por asiáticos.
Em tempo de pandemia, os receios de contágio por Covid-19 preocupam o autarca de Alcobaça.
“Esta comunidade é essencial para a economia local, por falta de mão de obra nacional. Mas é necessário tomar cautelas prévias, porque não há cuidados em termos de convivência, sociabilidade, salubridade e habitabilidade”, explica à Renascença.
Por isso, Paulo Inácio defende a realização de testes prévios, porque “sem eles, é uma situação muito preocupante para todo o Oeste”.
O autarca acredita mesmo que “o Estado português deve exigir que as empresas de trabalho temporário e as próprias cooperativas, um ou dois dias antes da apanha”, despistem eventuais casos de Covid-19. Os trabalhadores só poderiam colaborar “com teste recente negativo”.
Manual de procedimentos já está na DGS
Domingos Santos, presidente da direção da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e de Legumes e responsável pela Frutoeste, uma cooperativa Agrícola de Hortofruticultores na região Oeste, está de acordo com o autarca.
Lembra que, devido a uma situação recente de Covid-19 num produtor no Bombarral, foi sugerido à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) a criação de um protocolo direcionado, não só para essa mão de obra, mas também para os funcionários das centrais fruteiras.
Desse protocolo saiu um manual de procedimentos, “que vai ser analisado pela Direção-Geral de Saúde. Estamos à espera que a DGS diga o que tem a dizer, para que seja implementado”, explica Domingos Santos, que refere ainda que sabe que o documento foi elaborado e submetido a aprovação da autoridade de saúde, mas ainda não o conhecem.
Seja como for, espera que documento preveja a realização desses testes.
“Fundamental é conseguirmos ter um plano que, por exemplo, todas as quartas-feiras, preveja que os produtores informem que pessoal vão contratar na semana seguinte” e fazer-se o teste a essas pessoas no início do trabalho.
“Porque se não fizermos testes, não sabemos o que temos na realidade”, resume.
Domingos Santos defende que os testes devem ser feitos a todos os trabalhadores e não apenas aos estrangeiros, porque “pode acontecer que alguém já contaminado possa contaminar estes grupos, que por sua vez vão disseminar a doença”.