O presidente da Promovalor, Luís Filipe Vieira, será ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco no dia 10 de maio pelas 15h00, no âmbito das audições que os deputados estão a fazer aos grandes devedores do banco.
De acordo com o calendário de audições, o também presidente do Benfica irá à Assembleia da República (AR) na próxima segunda-feira à tarde, depois de ter pedido o adiamento da audição devido à realização de uma consulta médica.
No dia 22 de abril, o presidente da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, Fernando Negrão (PSD), revelou que Luís Filipe Vieira tinha pedido que "a audição fosse adiada para uma data posterior a uma consulta" que tinha marcado.
No âmbito da comissão de inquérito, e relacionado com a dívida da Promovalor ao Novo Banco, já foi ouvido Nuno Gaioso Ribeiro, gestor da C2 Capital Partners, empresa que comprou créditos em dívida da empresa de Vieira ao Novo Banco.
O gestor, que coincidiu com Luís Filipe Vieira durante oito anos (2012 a 2020) na direção do Benfica e da Benfica SAD como vice-presidente e administrador, respetivamente, rejeitou a existência de um "canal de influência" no clube para reestruturar a dívida da Promovalor, empresa do presidente benfiquista.
"Quando o senhor deputado diz ou insinua que continua a haver e que existia um canal de influência, isso é absolutamente falso e insultuoso para a minha parte. O senhor deputado não pode imaginar que pessoas que integram a direção do Benfica, não remuneradamente, mantendo uma vida profissional" passam a "violar os seus deveres profissionais", respondeu Nuno Gaioso Ribeiro ao deputado do PS João Paulo Correia no dia 27 de abril.
Apelidando de "conversa de café" a possibilidade de existir qualquer conflito de interesses, Nuno Gaioso Ribeiro reconheceu, no entanto, que o facto da Promovalor conhecer os serviços da sua empresa "pode ter sido importante para o devedor e isso pode ter dado tranquilidade".
Questionado pela deputada Mariana Mortágua (BE) sobre se alguma vez tinha discutido "os negócios da Capital Criativo [anterior designação da C2 Capital Partners] com Luís Filipe Vieira", Gaioso Ribeiro negou.
"Nunca discuti com Luís Filipe Vieira os negócios da Capital Criativo e os negócios da Capital Criativo discutidos com os acionistas são em sede própria, a assembleia-geral, e com o representante da Promovalor que em regra era o doutor Tiago Vieira [filho de Luís Filipe Vieira]", respondeu.
Nuno Gaioso Ribeiro disse também desconhecer "o histórico de financiamento entre o Novo Banco e o devedor", e que a C2 Capital Partners "nunca teve qualquer participação acionista ou intervenção na gestão da sociedade devedora", a Promovalor.
Para a gestão da dívida da empresa do presidente do Benfica foi constituído um fundo denominado Fundo de Investimento Alternativo Especializado em novembro de 2017, tendo sido "adquiridos ao Novo Banco 133,9 milhões de euros de créditos" e também "reestruturados pelo Novo Banco (isto é, mantiveram-se no balanço do banco) financiamentos existentes de 85,8 milhões de euros, perfazendo a operação o montante total de 219,7 milhões de euros", segundo o gestor.
Nuno Gaioso Ribeiro disse ainda que "têm existido dificuldades operacionais no fundo que podem comprometer, nesta conjuntura inesperada e no curto prazo, alguns objetivos previstos atingir ao fim de cinco anos", decorrentes da demora da inclusão de ativos no fundo e outras relacionadas com "litígios complexos", dificuldades "muito agravadas, por fim, pela pandemia".