No encerramento do encontro nacional do BE, que aprovou na generalidade o programa eleitoral com o qual o partido se apresenta às eleições legislativas de 30 de janeiro, a líder bloquista, Catarina Martins, defendeu que “a chave para desbloquear Portugal reside na força da esquerda”.
“Se a maioria absoluta é o plano A do PS, o seu plano B parece ser um bloco central, formal ou informal. Essa deriva indica que, para se manter no poder e continuar a bloquear as respostas necessárias ao SNS ou à estagnação salarial, António Costa estará disponível a sentar-se à mesa com Rui Rio ou Paulo Rangel para entendimentos cujo significado na vida das pessoas depois de janeiro se conhecerá”, argumentou.
Na perspetiva de Catarina Martins, “se o país já não suporta mais os anúncios sempre repetidos e sempre inconsequentes, seguramente dispensa um acordo de bloco central que impeça qualquer mudança”.
“O país conhece os perigos de maiorias absolutas como as que viveu com Cavaco Silva ou José Sócrates. E sabe que uma viragem para um bloco central, só pode traduzir-se num regresso à agenda privatizadora, a começar pelos serviços públicos”, alertou.
Para a bloquista, “é o reforço da esquerda que trava a derrapagem para o pântano político e para a estagnação social”.
A coordenadora bloquista acusou ainda o PS de ter feito uma “viragem política” quando recusou o acordo com o BE a seguir às legislativas de 2019 que, “além de enterrar a geringonça, abriu uma rota de aproximação à direita”.
A deputada do BE Mariana Mortágua propôs hoje que o programa eleitoral das legislativas preveja "a criminalização da utilização de "offshore"", considerando que são estes mecanismos que "permitem todo o crime económico" ou que encobrem os seus resultados.
A deputada e dirigente Mariana Mortágua apresentou uma proposta, elaborada em conjunto com Izaura Solipa, para combater a utilização de "offshore", ou seja, de paraísos fiscais.
"A proposta que queremos ver incluída no programa é criminalizar a utilização de "offshore". Tolerância zero aos "offshore", ao crime fiscal e à corrupção", precisou.
Na perspetiva de Mariana Mortágua, com esta medida é possível contribuir "para a justiça económica", que será aquilo que "permitirá a Portugal ter um desenvolvimento sustentável e ter recursos para investir no que conta", ou seja, "no país, nas pessoas e em quem trabalha".
Nos casos do BPN, BCP, BES, Operação Monte Branco, submarinos ou, mais recentemente no caso de João Rendeiro, de acordo com a bloquista, "há coisas em comum entre eles", designadamente "fraude fiscal, a lavagem de dinheiro, a corrupção, entre as negociatas sem nome".
"São "offshore" de diferentes formas, diferentes feitios, diferentes tipos", referiu.
De acordo com Mariana Mortágua, a proposta do BE "é simples e tão radical quanto proibir a utilização de "offshore"".
"Se não há uma razão para alguém ter uma conta no Panamá, nas Ilhas Caimão, Ilhas Virgens Britânicas, então essa conta devia ser proibida porque nós sabemos que a sua utilização servirá para fraude fiscal, para abuso fiscal, para branqueamento de capitais", justificou.
O encontro nacional do BE para debate do programa eleitoral 2022 será encerrado pela coordenadora bloquista, Catarina Martins.
De acordo com informação de fonte oficial do partido à Lusa, inscreveram-se para participar neste encontro mais de 400 aderentes e foram enviadas seis dezenas de contributos pelos bloquistas para incluir na proposta de programa eleitoral, alvo também de votação.
O documento programático e os seus contributos serão votados na generalidade e, para domingo, está marcada uma Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre convenções, que fará a "discussão e votação do documento final de programa eleitoral", bem como a aprovação das listas de deputados às eleições legislativas antecipadas.