“A guerra é sempre uma derrota. Todos perdem. Todos, não... Há um grupo que ganha muito na guerra: o dos fabricantes de armas. Estes ganham bem com a morte dos outros”, disse esta quarta-feira o Papa, durante a audiência geral.
Apesar de estar com a voz um pouco sumida devido à inflamação respiratória, Francisco pediu orações pela paz e manifestou o desejo de que a trégua prossiga na faixa de Gaza "para que sejam libertados todos os reféns e possa chegar ajuda humanitária”.
O Papa disse ter ligado para a paróquia daquela região, onde falta água e pão. “A gente simples é que sofre; não sofrem os que fazem a guerra. Peçamos a paz."
Esta manhã, Francisco não leu o texto da sua catequese nem deixou as habituais saudações aos fiéis de várias línguas. Com uma respiração ofegante, o Papa apenas saudou, no início, com umas breves palavras: “Continuamos com a catequese, mas como eu não estou bem com esta gripe e a voz não está boa, será monsenhor Ciampanelli a ler."
Devido ao seu estado de saúde, os médicos desaconselharam o Papa a viajar para o Dubai, como estava previsto para daqui a dois dias, onde deveria discursar sobre alterações climáticas, na COP 28.
Apesar de a viagem ter sido cancelada, é provável que a Santa Sé ou o Santo Padre em ligação direta participem com uma intervenção.
Mesmo com gripe, o Papa recebeu esta manhã, antes da audiência geral, os dirigentes e jogadores escoceses do Celtic Football Club. Nos próximos dias, deverá manter alguns encontros previstas em agenda que exijam menos esforço.
Não ter medo do diálogo
Nas reflexões da catequese de hoje, lidas pelo assistente da secretaria de Estado do Vaticano, o Papa sublinhou que “evangelizar a nossa época e a nossa cultura significa ser, como Igreja, fermento de unidade, de encontro, de diálogo e não ter medo do diálogo”.
O Santo Padre considera que “é preciso estar nas encruzilhadas do tempo de hoje e sair delas significaria reduzir a Igreja a uma seita, ao passo que o ato de as frequentar ajuda-nos, a nós cristãos, a compreender de maneira renovada as razões da nossa esperança”.
No fundo, para evangelizar, é preciso habitar a cultura do nosso próprio tempo. “E, mais do que pretender reconverter o mundo atual, temos de converter a pastoral para que encarne melhor o Evangelho no tempo de hoje”, acrescentou.
No final da audiência, Francisco apreciou e aplaudiu, sorridente, uma breve exibição de acrobatas e artistas de circo, expressão artística sempre muito acarinhada pelo Papa argentino que, no final, pediu para eles um grande aplauso.