Uma equipa de investigadores portugueses da Universidade de Lisboa criou, em parceria com a Universidade de Telavive (Israel), uma vacina que pode vir a revolucionar o tratamento do cancro.
Os resultados dos testes feitos até ao momento vão ser publicados esta segunda-feira na revista britânica “Nature Nanotechnology”.
Em declarações à Renascença, Helena Florindo, líder da equipa da Faculdade de Farmácia que desenvolveu a vacina, explica que com esta nova terapêutica “será o nosso próprio organismo que irá ser estimulado pela vacina para destruir as células [tumorais] que encontre”.
A vacina pode assim resolver um dos atuais problemas no tratamento do cancro que é o facto de, frequentemente, serem destruídas não só as células tumorais mas também células saudáveis.
Helena Florindo revela ainda que, segundo os testes que foram feitos, esta vacina tem resultados particularmente animadores “em doenças muito agressivas contra as quais a quimioterapia não é eficaz”.
A cientista explica que, nestes casos em que a quimioterapia não tem sido eficaz, a prática habitual é experimentar uma terapêutica de imunoterapia que, no entanto, também não tem revelado a eficácia desejada.
“Com a nossa vacina, a eficácia da imunoterapia aumentou significativamente, permitindo uma taxa de sobrevida de 70%”, acrescenta a investigadora em entrevista à Renascença.
A equipa que desenvolveu este novo tratamento tem estudos feitos sobre a eficácia da vacina no caso de melanomas (cancro da pela), cancro da mama e do cólon.
Contudo, e apesar de os avanços clínicos serem significativos, a terapêutica ainda vai demorar a chegar ao mercado, refere Helena Florindo.
“O próximo passo será, muito provavelmente, fundar uma empresa para angariar financiamento para serem feitos ensaios clínicos. Ainda faltam alguns anos”, remata a investigadora.
Apesar disso, Helena Florindo espera que parte das descobertas que fizeram possam já ser aplicadas nas técnicas de imunoterapia que, embora prementes para doentes afetados já com metástases, até ao momento têm tido uma taxa de eficácia mais reduzida do que o esperado.
Este estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), pelo Conselho Europeu de Investigação e por diferentes organizações em Israel, entre as quais a Fundação para a Ciência de Israel, a Associação de Investigação em Cancro de Israel e o Fundo de Investigação em Cancro de Israel.