O Cardeal D. José Tolentino vai receber o hábito dominicano, uma homenagem que será prestada no dia 14 de novembro, no Convento de São Domingos, em Lisboa.
A informação foi confirmada à agência Ecclesia pela província portuguesa da Ordem dos Pregadores, como são conhecidos oficialmente os dominicanos.
“A Província Portuguesa da Ordem dos Pregadores e a Ordem Dominicana em geral regozijam-se e acolhem com alegria este seu novo membro”, afirmou frei José Nunes, provincial dos Dominicanos em Portugal, à agência Ecclesia.
“O cardeal Tolentino é muito nosso amigo, há muitos anos: teve uma grande proximidade com dois dominicanos portugueses, o frei José Augusto Mourão e o Frei Mateus Peres, também durante muitos anos teve uma forte ligação às Monjas Dominicanas do Lumiar. Estes contactos e proximidade fizeram com que se sentisse identificado com o carisma dominicano”, explica à agência Ecclesia o frei Filipe Rodrigues, mestre de noviços e dos estudantes.
A família dominicana tem vários ramos: as monjas, “tendo sido primeiras fundadas por São Domingos”, os frades e a chamada Terceira Ordem que, explica o Frei Filipe Rodrigues, oficialmente não existe mas é comummente aceite, onde todas as pessoas leigas ou sacerdotes se inserem, sem vínculo de obediência ao mestre da Ordem e indicação para viver como frade ou monja, mas identificando-se como monge e querendo fazer um caminho de espiritualidade com os Dominicanos.
O cardeal D. José Tolentino Mendonça, “sendo um padre diocesano, agora cardeal, entra nas Fraternidades Sacerdotais como forma de se vincular à Ordem Dominicana”.
O Frei Filipe Rodrigues evidencia uma sintonia na forma de pregação entre a Ordem e o cardeal José Tolentino Mendonça.
“A sua maneira multiforme de pregar vai no sentido da nossa espiritualidade. Há uma sintonia. Nós aprendemos muito com ele, ele foi formador sobretudo das gerações mais novas, e ele aprendeu com as pessoas que referi. Mas trata-se, sobretudo, de uma identificação com o estilo e carisma que conduz a um vínculo mais visível com a Ordem Dominicana”, explica.
O convite partiu da Ordem dos Pregadores e foi prontamente aceite.
“Foi um convite que lhe fizemos e ele aceitou de imediato por se identificar com o carisma de São Domingos, e deu-se a feliz coincidência de, quando ele foi feito Cardeal, ter ficado titular da igreja de São Domingos e São Sisto, em Roma. Ele próprio assumiu nesse dia a sua ligação aos Dominicanos”, recorda.
O cardeal Tolentino vai receber o hábito branco, que poderá usar nas celebrações dominicanas, no dia 14 de novembro, durante a celebração litúrgica de vésperas, marcada para as 17h, presidida pelo provincial, o Frei José Nunes, no Convento dos Dominicanos, em Lisboa.
“Tal como ele vai ser uma cerimónia simples, com o momento simbólico de vestir o hábito. Há um momento muito bonito em que o cardeal irá pedir a misericórdia de Deus e da Ordem, recebe o hábito e canta-se o Hino para pedir a intercessão do Espírito Santo, ‘Venite Creatore’”, explica o mestre de noviços.
Pelas 18h30 o cardeal Tolentino preside à Eucaristia no mesmo local.
O Frei Filipe Rodrigues explica ainda que o vestir o hábito não implica as “obrigações da Ordem”.
“Não terá obrigações com a Ordem. Se houver uma reunião da província da Ordem ele será, com certeza muito bem-vindo, mas não terá obrigações. A partir de agora temos mais um membro na Ordem, através das fraternidades sacerdotais, através da sua presença, amizade e fraternidade, podendo contar connosco nas graças espirituais que estas coisas infundem”, assinala.