A União Europeia precisa de mais 11 milhões de profissionais de saúde até 2030 e a solução passa pela migração e a mobilidade. A conclusão é do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, que na quinta-feira publicou um estudo sobre o impacto do envelhecimento da população.
Segundo este trabalho, a migração e a mobilidade intracomunitária podem ajudar a UE a satisfazer a procura de trabalhadores da área da saúde e cuidados continuados. Grande parte da procura está a ser preenchida ao nível nacional, mas o envelhecimento progressivo vai aumentar as necessidades.
Em 2018, quase dois milhões de trabalhadores sanitários e de cuidados a longo prazo na UE já trabalhavam num país diferente do país de origem – uma tendência que está em crescimento e já representa 13,2% do total de trabalhadores da saúde.
Mas estes números ainda estão aquém dos registados em países como o Reino Unido ou os Estados Unidos, refere a Comissão Europeia.
Por outro lado, não se observa uma distribuição homogénea destes trabalhadores no espaço europeu – mais de dois terços exercem funções em apenas cinco países da UE: Alemanha, Itália, Suécia, França e Espanha.
Há ainda obstáculos que, uma vez eliminados, podem ajudar a fomentar a mobilidade e a “libertar o potencial da migração de terceiros países para aliviar a pressão da escassez de mão de obra” na saúde.
Entre eles está a inexistência de “canais de migração específicos” para atrair trabalhadores estrangeiros de saúde e de cuidados continuados, com o reconhecimento de qualificações.
Outro obstáculo é a escassez de associações internacionais para contratarem pessoal sanitário e de cuidados de longa duração e ferramentas específicas de recrutamento para estes casos.
Os autores do estudo recomendam a integração nos atuais canais de migração laboral de considerações específicas para os trabalhadores da saúde e cuidados prolongados, em linha com o código de conduta da Organização Mundial de Saúde (OMS). Isto iria "dinamizar a migração, com benefícios para os países de origem e de destino. Implica ainda o reconhecimento das qualificações e a ativação em pleno das competências dos migrantes e da força de trabalho na UE".
A vice-presidente da Comissão Europeia para a Democracia e a Demografia, Dubravka Suica, lembra que "a Europa é um continente que envelhece”, pelo que é necessário “garantir cuidados de longa duração acessíveis, exequíveis e de qualidade”, e uma mão de obra adequada.
Na mesma nota, a comissária da Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, defende que esta informação é “uma contribuição oportuna no momento em que a Europa enfrenta um dos principais desafios de uma sociedade que envelhece”.
Um quinto da população da UE tem atualmente mais de 65 anos. Em média, os idosos têm uma expectativa de vida de 20 anos, no entanto, metade desse tempo é passado com condições de saúde agravadas.
Ainda segundo este trabalho, um dos maiores desafios do envelhecimento é o aumento dos tratamentos para doenças crónicas. Aumentam também na UE os idosos nos cuidados continuados.