O bispo das Forças Armadas e Segurança, D. Rui Valério, acredita que a Jornada de Oração pela Paz na Ucrânia proposta pelo Papa Francisco irá ter impacto na sociedade.
Em entrevista à Renascença, D. Rui Valério afirma que o Papa “é uma figura escutada e respeitada” e, nesse contexto, diz que a União Europeia “tem de afirmar-se", apesar de Putin falar "sempre de um diálogo a três, com Rússia, Ucrânia e Estados Unidos" e de a Europa “não ser uma potência militar, o que explica, em grande parte, o seu afastamento em relação a estas grandes questões".
"A União Europeia tem de afirmar-se, independentemente de ser ou não uma potência militar, pois ela é, sem dúvida, uma potência civilizacional”, insiste.
Para D. Rui Valério, o “Velho Continente deve afirmar-se por aquilo que é a convicção dos valores e dos princípios”, algo que “vai conseguir ou de que vai ser capaz, tanto mais que dentro deste universo a que nós chamamos de Ocidente, onde está a União Europeia, existe uma figura que hoje é escutada, é respeitada e ouvida, que é o Papa Francisco”.
“Diria que a voz do Papa Francisco é ouvida mesmo nos Balcãs, na Rússia, na Ucrânia e eu tenho muita confiança na Igreja, na força orante e na força crente da Igreja e na sua predisposição para a paz”, sublinha.
O bispo das Forças Armadas declara-se, por isso, confiante em relação aos resultados da jornada de oração. D. Rui Valério revela que “os capelães irão reunir em concelebração eucarística na nossa Sé Catedra,l às 18h00, para rezar pela paz e eu estou muito confiante porque, graças a Deus a voz, o desígnio, as propostas do Papa Francisco além de serem muito pertinentes e oportunas têm a vantagem de ser holísticas, como hoje se diz, ou seja, são capazes de chegar e de ter impacto em todos os quadrantes da sociedade e da cultura”.
Nesta entrevista, o bispo das Forças Armadas acusa os líderes mundiais de “falta de prudência”, fator que pode precipitar os acontecimentos na Ucrânia.
D. Rui Valério teme que “os pequeninos nadas que estão a ser notícia todos os dias nos levem para uma situação e para uma posição da qual depois já não haja retorno”. Nesse sentido, o prelado pede “prudência a todos os líderes” porque “há necessidade de uma vontade firme de se não ir para o pior, pois o pior é começar-se a ouvir o som e o estrondo das armas”.
Depois, recorda o papel desempenhado pela NATO e pelas Nações Unidas na concretização da paz na Europa e lembra que “a essência das Forças Armadas é a paz”.
“A essência das Forças Armadas é, verdadeiramente, a Paz. Aliás, a paz é a razão da existência das Forças Armadas. Elas existem para a promoverem, para a realizarem, para a fazerem acontecer”, refere.
Sublinha que “há uma mobilização geral exatamente para não deixar perder aquele bem que com tanta fadiga, com tanto suor, com tanto esforço foi conseguido para esta nossa europa, um Continente que ao longo dos tempos e dos séculos foi tão martirizado pela violência, pela guerra, pela desarmonia”.
D. Rui Valério entende que “neste momento, aquilo a que nós estamos a assistir é a um conflito verbal” e adianta ser “importante a mobilização da comunidade internacional” à volta desta iniciativa do Papa, porque “os líderes mundiais quando tomam as suas decisões, quando fazem os seus pronunciamentos eles têm sempre muito em conta aquilo que é o sentir, o pulsar do entendimento internacional das Nações, era importante que iniciativas como a que a Igreja católica está a ter se perpetuassem por esse mundo além”.