Ensino Superior. OE 2024 incentiva fuga de talentos, diz sindicato
11-10-2023 - 20:34
 • Fátima Casanova

O presidente do SNESUP critica também a política de devolução do valor das propinas aos jovens quando começam a trabalhar, indicando que não irá ajudar a reter mão de obra.

Veja também:


O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP) considera que a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2024 não dá resposta aos problemas do Ensino Superior.

À Renascença, o presidente do SNESUP, José Moreira, refere que o dinheiro previsto não chega para travar a precariedade laboral e a retenção de talento no país.

"O modelo que foi usado para combater o problema da inflação foi comprimir os salários. Este modelo não é socialmente justo e está a conduzir o nosso país a esta crise tremenda de as pessoas estarem a abandonar o país, e estarmos perante uma desmotivação que abrange não só as novas gerações, como também as pessoas com mais alguma idade, que começam a ver-se sem saída", aponta.

José Moreira acusa o Governo de nada fazer para travar esta saída de pessoal qualificado do país e aponta que os funcionários do Estado "têm vindo a perder continuadamente poder de compra".

"Não é mais do que a fuga daquelas pessoas que têm condições para sair do país, que o irão fazer com certeza", diz.

O presidente do SNESUP critica também a política de devolução do valor das propinas aos jovens quando começam a trabalhar, indicando que não irá igualmente ajudar a reter mão de obra.

Para o representante sindical, os jovens qualificados emigram "porque a diferença salarial entre trabalhar numa profissão em Portugal ou fora de Portugal é muito grande".

"Estamos condenados a um país de salários baixos"

Por outro lado, José Moreira critica a aposta em setores como o Turismo, afirmando que “estamos condenados a um país de salários baixos o que vai ter repercussões brutais na capacidade de recrutamento e de reter os cidadãos produtivos no país”.

O líder do SNESUP sublinha que “as empresas privadas já começaram a perceber que têm de pagar melhor aos seus funcionários, se quiserem reter os talentos”, mas o Estado, “em vez de puxar os salários para cima, está a puxar para baixo na generalidade dos trabalhadores por conta de outrem”.

Fazendo as contas, acrescenta ainda que, “desde 2005 até ao ano passado, o poder de compra, quer dos docentes universitários, quer dos investigadores, já estava reduzido em cerca de 31%".

"Agora vão perder mais 2,2% face à inflação do ano passado”, o que leva este responsável a concluir que, ao nível do poder de compra, estes profissionais “perdem um salário em cada três quando comparam com 2005, depois de impostos, depois de contribuições para a segurança social e descontando o efeito da inflação”.