As primeiras horas do velório de José Eduardo dos Santos, na sua residência oficial, em Luanda, foram marcadas pela presença de poucos cidadãos anónimos junto ao local.
O corpo do ex-presidente angolano foi preparado de manhã para os próximos dias de velório, de modo a que as pessoas possam "fazer o óbito", como é designado na tradição angolana.
Os restos mortais serão depois transportados para o mausoléu que homenageia o primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, no dia 27 e no dia seguinte deverá ser feita uma cerimónia fúnebre, ocasião em que José Eduardo dos Santos completaria 80 anos.
A data das cerimónias deverá coincidir com o anúncio dos primeiros resultados das eleições gerais, que se realizam no dia 24.
Junto à sua residência, na zona do Miramar, foi colocado um detetor de metais e estão vários funcionários estatais, entre forças de seguranças e elementos do protocolo de Estado. Mas não foram avistados muitos cidadãos anónimos a visitar o local. Durante os "dias de óbito", a tradição angolana exige que a família tenha as portas da casa abertas a todos, com comida e bebida para quem preste homenagem ao morto.
A tradição levou mesmo, numa cidade com elevados níveis de pobreza como Luanda, a que muitos angolanos procurem estas ocasiões para fugir à fome endémica.
Nesses momentos, as casas onde se fazem o óbito enchem-se de gente, com filas à porta, nos casos de pessoas mais conhecidas nos bairros, algo que ainda não sucedeu junto ao palácio.
Perto da zona, alguns meninos de rua passeavam com bandeiras e chapéus do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Questionados pela Lusa, limitaram-se a dizer que receberam esse material de campanha num quarteirão próximo.
José Eduardo dos Santos governou o país durante três décadas e meia, primeiro à frente do partido de regime único (MPLA) e depois durante o regime democrático.