José Sócrates não quer fazer futurologia sobre um eventual regresso à vida politica através de uma candidatura à Presidência da República.
Em declarações aos jornalistas, em Coimbra, à margem da conferência "O projeto Europeu depois da crise económica", o antigo primeiro-ministro e principal arguido da “Operação Marquês" deixa a matéria para os comentadores políticos.
“Sabe, não me parece que isso seja uma matéria de política. É mais uma matéria de bruxaria, então, talvez possamos deixar essas matérias de bruxaria entregue aos videntes que fazem disso profissão”, declarou.
José Sócrates falou do passado, da ambição de investimento que protagonizou e que considera ser um projeto válido e necessário.
“O que acho é que o país precisa de um projeto de desenvolvimento – que teve – e esse projeto foi posto em causa por uma visão política que atribuía a esse investimento, ambição e modernização a ideia de desperdício e de dinheiro deitado fora. Isso é um erro”, alertou.
“Acho que o país precisa de recuperar essa ambição de investimento em algumas áreas críticas, como se vez no passado, na ciência, no ensino superior, na educação, na requalificação das escolas, nas energias alternativas, na modernização das infraestruturas. O país precisa de um projeto de desenvolvimento”, sublinhou.
José Sócrates considera que abandono do projeto da ligação de alta velocidade ferroviária (TGV) a Espanha e à Europa é uma "ideia reacionária" e revela "resignação e falta de ambição".
"A ideia de que o país não tem aqui um trabalho a fazer para se ligar à rede de alta velocidade europeia, a ideia que a rede de alta velocidade em bitola europeia vai parar em Badajoz, com o país propositadamente atrasado e por uma decisão política que nos condena ao atraso, é das ideias mais reacionárias que eu tenho visto a desenvolver no nosso país", afirmou José Sócrates, durante uma conferência na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC).