Violência em França. Macron faz ponto de situação este domingo à noite
02-07-2023 - 12:45
 • Pedro Valente Lima , Isabel Pacheco com Lusa

Presidente francês vai reunir-se ao final da tarde com membros do Governo. Ex-vereador português em Paris, Hermano Sanches Ruivo, espera medidas concretas.

Este domingo à noite, Emmanuel Macron vai fazer um "ponto de situação" sobre a violência que se tem vivido nos últimos dias em França, motivada pelos protestos pela morte de Nahel M., jovem de 17 anos morto pela polícia.

De acordo com o jornal Le Monde, o Presidente francês vai ainda reunir-se com a primeira-ministra, Elisabeth Borne, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, e ainda o ministro da justiça, Eric Dupond-Moretti, pelas 18h30 locais (19h30 à hora de Lisboa).

Macron já tinha adiado a visita de Estado à Alemanha - a primeira de um Presidente francês desde 2000 - devido à situação caótica no país. O Palácio do Eliseu não apontou nova data para a visita.

Em declarações à Renascença, Hermano Sanches Ruivo, ex-vereador português na Câmara de Paris, diz esperar medidas concretas por parte de Emmanuel Macron. "Todos estamos à espera, mais tarde ou mais cedo, de um anúncio [medidas], [mas] temos receio [que] depois não se faça nada."

O antigo vereador luso assume que a falta de ação concreta pode levar à descrença das franjas mais frágeis da população francesa: "O pior que pode acontecer é ser, novamente, apelada uma espécie de reunião gigante para todos os atores refletirem sobre o que pode ser feito e depois não se fazer nada".

"É isso que nós ouvimos na rua. Não apenas da parte dos jovens, [mas] também de quem está a trabalhar há décadas com as pessoas desfavorecidas, com os bairros desfavorecidos. As pessoas já não acreditam nas instituições."

O "ponto de situação" e a reunião com membros do Governo vem na sequência da quinta noite de distúrbios pelo país, que resultaram na detenção de, pelo menos, 718 pessoas na noite de sábado para este domingo. Apesar de "mais calma", como apelidou o ministro do Interior francês, as cidades do país contaram com a presença de 45 mil agentes da polícia.

Um dos incidentes mais grave registou-se nos arredores de Paris, em L'Haÿ-les-Roses, na qual a família do presidente da Câmara local, Vincent Jeanbrun, foi atacada. Por volta das 1h30 locais (0h30 à hora de Lisboa), enquanto o autarca se encontrava na sede do município, os manifestantes "atiraram um veículo contra a sua casa antes de o incendiarem para pegar fogo à residência".

Um dos dois filhos menores ficou ferido, assim como a mulher que, de acordo com a BBC, sofreu uma fratura na tíbia, ao tentarem escapar dos agressores.

Neste capítulo, Sanches Ruivo acredita que, "em termos judiciários", haja "um inquérito muito mais rápido, a precisar e a analisar" os autores do crime. "Provavelmente, o resultado será uma pena mais pesada."

Esta foi a quinta noite de tumultos em França, motivados pela morte de Nahel M., um jovem de 17 anos que, na passada terça-feira, foi baleado à queima-roupa por um polícia durante uma "operação stop".

As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.

[Notícia atualizada às 15h18 de 2 de julho de 2023]