As famílias com créditos à habitação na moratória da Associação Portuguesa de Bancos (APB), caso não tenham transitado para a moratória pública que foi estendida até final de setembro, retomarão já, quinta-feira, a 1 de abril, os pagamentos devidos.
O comportamento dos portugueses nesta data limite imposta às moratórias privadas de crédito pode servir de primeiro indicador avançado das dificuldades no curto prazo, um barómetro das consequências do fim do balão de oxigénio para famílias e empresas que na pandemia beneficiaram da suspensão de pagamentos à entidade credora.
O valor dos empréstimos protegidos nas moratórias é estimado em 45,7 mil milhões de euros e, se 10% desse valor não for honrado, pode aumentar muito a pressão sistémica no conjunto da economia.
Famílias sitiadas por dívidas, empresas ameaçadas de falência, balanços de bancos pressionados por imparidades num quadro global que, sustentam os analistas, é passível de ser suavizado por mecanismos transitórios a amortecer o impacto imediato ou a ampliar as moratórias até à retoma.
A pressão das moratórias é um dos temas para análise no espaço que olhará também para a notícia da Renascença a marcar a agenda política semanal e a colocar o PR no meio de uma disputa entre governo e oposição parlamentar, repleta de potenciais consequências políticas, as restrições na Páscoa e ainda o caso EDP/Engie.
A opinião é de Nuno Botelho, jurista, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria do Porto e Manuel Carvalho da Silva, sociólogo e professor da Universidade de Coimbra.