O presidente do PSD acusou esta sexta-feira o primeiro-ministro, António Costa, de não aceitar ideias nenhumas por “não querer mudar nada”, considerando que o atual “sistema gasto” é feito pelo Partido Socialista.
“O que ele [António Costa] tem dito é um insulto aos portugueses, que assistem permanentemente a nós darmos ideias ao PS e este a rejeitar as ideias porque não quer mudar nada e depois ainda tem a lata de dizer que os outros não têm ideias? Ele é que não aceita ideias nenhumas, porque não quer mudar nada e ainda se quisesse o partido dele não o deixava mudar nada”, afirmou Rui Rio, que falava em Pedrógão Grande (Leiria), durante a apresentação das linhas gerais da reforma do sistema eleitoral do PSD.
O documento, apresentado pelo líder social-democrata e pelo vice-presidente David Justino, propõe um aumento dos círculos eleitorais nacionais de 20 para 30, com divisão dos maiores, e a introdução de um círculo de compensação, a par da redução de deputados para 215.
Rui Rio realçou que o sistema eleitoral não muda desde o 25 de Abril, pedindo ao primeiro-ministro “coragem” para continuar a dizer que o PSD não apresenta ideias.
Questionado pela agência Lusa sobre a posição do ministro Augusto Santos Silva, que na quarta-feira manifestou-se contra a revisão constitucional e do sistema eleitoral propostas pelo PSD, Rui Rio considerou-o um “péssimo sinal”, mas ao mesmo tempo algo “habitual” por parte do PS, que ainda “sem conhecer as propostas e estudar as propostas põe alguém a dizer mal de um qualquer pormenor”.
“O sistema político português tem um descrédito enorme. Qualquer esforço que façamos para reformar o que quer que seja nesse sistema conta com a oposição do PS, porque o sistema é feito basicamente pelo PS”, frisou, considerando que o “sistema gasto” é o próprio Partido Socialista.
Para o presidente do PSD, “o PS é ele próprio o sistema”, acrescentando: “Mas o sistema está a ficar podre e temos de mudar o sistema”.
“Ou o PS alinha na mudança ou então teremos de ter através do voto uma composição diferente da Assembleia da República que permite que o sistema político se regenere”, salientou.
Rui Rio manifestou também esperança que seja possível mudar a postura do PS através da exposição das ideias do PSD na opinião pública, para que seja “a própria opinião pública a obrigar” o Partido Socialista a fazer “alguma coisa”.
A opinião pública, referiu, “é a única coisa que preocupa o PS”.
Durante a sessão de apresentação do documento, Rui Rio frisou que esta reforma protege os partidos pequenos (quem sofre os maiores cortes no número de deputados são o PS e PSD) e discrimina positivamente o interior do país, daí o local escolhido para a apresentação da proposta ter sido o concelho de Pedrógão Grande, fortemente atingido pelo grande incêndio de junho de 2017.
O presidente do PSD mostrou-se ainda aberto para fazer reduzir o número de eleitos até aos 211 deputados - mas “não mais do que isso” - e ainda para “discriminar um pouco mais os círculos mais pequenos”.