O líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, anunciou, esta quarta-feira, que o PSD vai impor a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar para "apurar responsabilidades de governos e de administrações" em relação à Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O anúncio de Montenegro foi feito durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, António Costa, no Parlamento.
"O país está interessado em saber a verdade", argumentou o líder parlamentar do PSD.
Na reacção ao anúncio da bancada social-democrata, o primeiro-ministro limitou-se, praticamente, à ironia "mais vale tarde do que nunca".
"Olhe, mais vale tarde do que nunca. Se durante os quatro anos em que estiveram no Governo não conseguiram apurar o que se passava na Caixa, mais vale que tentem agora com a comissão de inquérito", reagiu António Costa.
A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, incentivou o Governo a promover uma auditoria forense aos créditos de alto risco da Caixa.
"O Governo deve promover uma auditoria forense aos créditos de alto risco da CGD e partilhar os resultados com o parlamento e o Ministério Público", vincou esta tarde Catarina Martins, que se dirigia ao chefe do executivo, António Costa, num debate quinzenal na Assembleia da República marcado pelo tema CGD.
Na resposta, o primeiro-ministro foi sintético: "Iremos ponderar a sua sugestão."
Quanto dinheiro?
Antes, ainda, de conhecida a tomada de decisão do PSD, Costa tinha declarado que "muito brevemente" se terá uma noção clara sobre os recursos necessários para a recapitalização da CGD, recusando contribuir para alimentar especulações sobre os fundos necessários.
"Teremos muito brevemente uma noção clara e precisa de quais são os recursos necessários para a Caixa [Geral de Depósitos] e não contribuiremos, como não temos contribuído para alimentar especulações sobre fundos que são necessários", afirmou o primeiro-ministro, durante o debate quinzenal no parlamento, em resposta às questões colocadas pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, sobre a recapitalização do banco público.
Sem revelar qualquer número, António Costa assinalou que os comunistas e o Governo coincidem "integralmente" com a necessidade da CGD ser um banco público e o principal pilar da estabilidade do sistema financeiro, embora Jerónimo de Sousa tenha voltado a classificar como "inaceitável" o nível de salários dos seus administradores e reiterado as "maiores reservas" à composição da nova administração.