Terminou sem acordo a cimeira dos líderes europeus, em Bruxelas. Não houve consenso sobre quem vai liderar as principais instituições europeias nos próximos cinco anos. Sem grande surpresa, nenhum dos três candidatos teve maioria.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apresentou três candidatos à sucessão de Juncker: Manfred Weber (do Partido Popular Europeu), Frans Timmermans (dos Socialistas Europeus) e Margrethe Vestager (dos Liberais).
Além da presidência da Comissão Europeia, estão a do Parlamento Europeu, do Conselho Europeu, do Banco Central Europeu e do cargo de Alto Representante para a Política Externa. Para já, ficou agendada nova reunião para o dia 30 de junho.
A nova relação de forças no Parlamento Europeu já fazia adivinhar estas dificuldades, segundo Olivier Bonamici. O francês lembra casos como o de Espanha e Bélgica para mostrar que, para governar, é preciso encontrar consensos. Olivier acha que há um “namoro” entre Macron e Sanchez para que haja um candidato socialista a sair vencedor e não, como parecia natural, um nome da direita.
Para Begoña, podemos estar a assistir a uma mudança do centro de poder. Se até agora tínhamos uma Europa dirigida a partir do Norte e da Alemanha, começamos a ver que os países do Sul têm uma palavra a dizer, quer de Espanha, quer de Portugal e de França.
“Há uma Europa fragmentada, mas pode-se estar a assistir a um fim de ciclo”, afirma.
Curiosamente, a solução pode ser encontrada no Japão, com os Governos dos países mais poderosos da União Europeia a caminho da cimeira do G20, em Osaka. É lá que o impasse em torno dos cargos de topo pode vir a ser desbloqueado em encontros paralelos.
Governo complicado em Espanha
Aqui ao lado, em Espanha, não estão fáceis as negociações de Pedro Sanchez para formar Governo. Begoña Iñiguez fala das discordâncias entre os partidos para formar Governo, o que vai levar Sanchez a virar-se para os independentistas pró-etarras da Bildu. Porque, segundo a correspondente espanhola “Sanchez não o quer, mas Pablo Iglesias – do Podemos – é teimoso e quer mesmo fazer parte do Governo em Madrid”. Sanchez, por seu lado, só quer um acordo de cooperação, algo que não é possível porque não têm os dois votos suficientes.
França: casos na justiça envolvem históricos
Esta semana foi detido o antigo presidente da UEFA. Michele Platini é suspeito de favorecer a decisão de o Mundial de 2022 ser no Qatar. Mas, esta semana, também ficou a saber-se que o antigo Presidente francês, Nicolas Sarkozy, vai ser julgado por corrupção e tráfico de influências. Sarkozy terá tentado influenciar um juiz para evitar entregar as agendas que o poderiam comprometer na investigação sobre suspeitas de financiamento líbio às suas campanhas eleitorais.
Olivier Bonamici diz que “tocar em Platini é tocar na identidade dos franceses” e “dói tanto imaginar que um ícone pode estar envolvido em ilegalidades”, que é pouco provável que Platini venha a ser julgado. Já no caso de Sarkozy, “é mais grave e os franceses querem que haja julgamento”, não tem dúvidas Olivier.
Dois anos de Pedrógão
Por cá passaram, na segunda-feira, dois anos dos incêndios de Pedrógão Grande, em que morreram 66 pessoas. Nesse dia não se falou de outra coisa, mas falou-se muito que as pessoas que ali residem têm muito medo de uma nova tragédia. E, visto de fora, Begoña Iñiguez diz que “as coisas não mudaram muito”, continuam os problemas com a vegetação selvagem e casas por reconstruir.
Olivier Bonamici diz-se preocupado com o facto de haver especialistas a dizer que há um risco de acontecer um novo drama semelhante. “Só pode haver uma questão que continua a falhar: é de organização”, afirma o francês, que diz que “tudo tem de ser revisto, com estruturas mais leves, porque parece que o país nestes aspetos não avança” e dá o exemplo também da área da saúde.
De resto, no Verão, o problema da falta de médicos parece que se agudiza. Ontem foi conhecida uma proposta da ARS de Lisboa para que as urgências de obstetrícia funcionem alternadamente em 4 hospitais da Grande Lisboa. Uma notícia que chocou o Olivier porque, para o francês, “o grande problema de Portugal são a Saúde e a Educação”. No que respeita à Saúde, faz-lhe confusão que o país se modernize noutras áreas, mas que “não avança na área da saúde. Parece um país a duas velocidades. O Serviço Nacional de Saúde está a perder cada vez mais qualidade”.
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