Porto. Mais de metade dos estudantes não tem contrato de arrendamento
25-10-2022 - 13:00
 • Diogo Camilo

Inquérito revela que, em média, um estudante paga cerca de 350 euros por mês por um quarto. Cerca de um terço diz estar "em grande esforço financeiro” e um em cada cinco alunos já ponderou desistir da universidade.

Mais de metade dos estudantes da Universidade do Porto admite não ter contrato de arrendamento e não ter recibos da renda paga todos os meses.

Segundo um inquérito a 1.325 estudantes da instituição, “52% dos estudantes deslocados estão no mercado de arrendamento paralelo, sem contrato nem recibos de renda”.

Em reação, a presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Ana Gabriela Cabilhas, mostra-se “especialmente preocupada” com a situação, dado que estes não podem “comprovar a despesa para concorrer ao complemento de alojamento para bolseiros ou ao novo apoio anunciado pelo Ministério, dirigido a estudantes que sendo de famílias de baixos rendimentos, não são bolseiros”.

O inquérito indica também que 17% dos estudantes ainda não conseguiu encontrar alojamento, mais de um mês depois do início das aulas, e que um em cada quatro concorreu a alojamento em residências dos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto ou do Instituto Politécnico do Porto, mas 60% acabou sem vaga.

Cerca de um terço dos estudantes inquiridos diz estar alojado “num quarto ou casa que representa um grande esforço financeiro”, quase metade (43%) precisou de mais de um mês para encontrar uma solução de alojamento e 42% dos estudantes demoram mais de uma hora no caminho entre casa e universidade.

Em média, revela a Academia do Porto, um estudante deslocado está a pagar 318€ por um quarto, a que se somam “pelo menos mais 35€ por mês” em despesas como a água, a eletricidade ou a internet. Aproximadamente 20% dos estudantes no Porto pagam mais de 400€ por um quarto.

Dados os preços de arrendamento, 18% dos estudantes inquiridos dizem já terem ponderado, ou estarem a ponderar abandonar o Ensino Superior.

Ana Gabriela Cabilhas sublinha que os preços praticados “ilustram a trajetória de aumento do valor das rendas” e “motivam reflexão e justificam a atenção do Governo”.