O presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia (SPN), Carlos Vara Luiz, considera que o médico de serviço no Hospital de São José, em Lisboa, cumpriu todas as regras no caso de David Duarte, que sofreu um aneurisma e que acabou por morrer naquela unidade hospitalar.
“Este doente foi conduzido, do ponto de vista do médico que o conduziu, da forma mais correcta" possível, defende Carlos Vara Luiz em declarações à Renascença.
Sem equipa especializada, e com o doente com um aneurisma roto, o médico de serviço no São José agiu de forma correcta, defende o presidente da SPN. Para Vara Luiz, o doente não devia ter sido transferido para outro hospital, apesar de o São José não ter equipa especializada para o operar ao fim-de-semana.
“Não tem condições para o tratar, não tem uma equipa preparada para curar estes doentes. Estes doentes têm de ser operados por uma equipa altamente especializada, num ambiente próprio, que não tem. O que é que ele faz? Dá as melhores condições para os doentes, instala-os numa unidade de cuidados intensivos onde o doente é monitorizado e vigiado permanentemente e agenda o doente para a primeira oportunidade que tem para o operar”, defende.
Essa “primeira oportunidade” seria na segunda-feira de manhã, o que já foi tarde demais porque David Duarte morreu na madrugada de domingo, dia 14.
O presidente da SPN defende, contudo, que o tempo de espera para estes casos está dentro das normas. “Qual é o tempo que medeia entre o internar e o operar (isto se o operasse, o que infelizmente não aconteceu)? São 60 horas. O que é que dizem as boas normas internacionais sobre cirurgias precoces de aneurismas? Dizem que o doente deve ser operado nas primeiras 72 horas”, argumenta.
Também não era opção transferir o doente para outra unidade de saúde, diz Carlos Vara Luiz, “porque é um doente instável, que tem um aneurisma roto na cabeça e que pode romper a qualquer altura. Não é um doente para andar a ser transferido de ambulância”.
David Duarte, de 29 anos, foi transferido numa sexta-feira do Hospital de Santarém para São José, onde acabou por morrer com uma hemorragia cerebral enquanto esperava tratamento.
Este problema deve-se à suspensão das escalas de prevenção aos fins-de-semana da Neurocirurgia-Vascular desde Abril de 2014 e da Neuroradiologia de Intervenção desde 2013, no Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), que engloba o São José.