O presidente do PS adverte que as garantias do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho sobre um défice abaixo de 3% não oferecem qualquer segurança, frisando no entanto que o Governo tudo fará para atingir essa meta.
Carlos César, também líder parlamentar socialista, falava à entrada para a Comissão Nacional do PS, depois de confrontado com a posição do presidente do PSD, segundo a qual Portugal, se mantiver até ao fim do ano o esforço de consolidação orçamental, pode terminar 2015 com um défice ligeiramente abaixo dos 3%.
"As palavras de Pedro Passos Coelho não são um factor de grande segurança, porque, como se sabe, o ex-primeiro-ministro prometeu e comprometeu-se com inúmeras metas e raramente as cumpriu. O que agora releva é que o Governo que entrou em funções fará tudo o que for possível para que nos vinte e poucos dias que restam [até ao fim do ano] não sejam comprometidos os objectivos de saída de Portugal do procedimento por défice excessivo [instaurado pela União Europeia]", reagiu o presidente do PS.
O ex-presidente do Governo Regional dos Açores considerou depois "fundamental para qualquer Governo esse objectivo" de retirar Portugal do procedimento por défice excessivo, "porque os constrangimentos deixam de existir e tal é importante para a liberdade governativa".
"Portanto, o nosso empenhamento é grande nesse domínio. O problema é a grande interrogação que se coloca sempre que Pedro Passos Coelho diz alguma coisa, pois nunca sabemos se é mesmo aquilo ou o seu contrário e o seu passado não abona muito", disse, numa nova crítica dirigida ao líder do anterior executivo.
Questionado se a hipótese de Portugal terminar com um défice inferior a três por cento está ainda em alguma medida dependente da ação do actual executivo socialista, Carlos César respondeu: "As contas que existem são as que permitem que o ministro das Finanças [Mário Centeno] tenha já afirmado que esse objectivo pode ser alcançado e fará tudo para que seja alcançado".
"São essas as declarações que temos por certas. O que é certo também é que não é seguramente este Governo, na sua acção durante vinte e poucos dias, que vai evitar que se cumpra esse objectivo, que é um objectivo nacional", acrescentou.
A reunião deste sábado formaliza a eleição de Ana Catarina Mendes para secretária-geral adjunta do partido. Vai assumir a coordenação do PS e libertar António Costa para as funções de primeiro-ministro.