A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) diz que não consegue suportar o aumento do salário mínimo, que passar para os 870 euros, mais 50 euros do que no ano que agora termina.
"Estes aumentos têm um impacto brutal na tesouraria das instituições", diz à Renascença o presidente da UMP, Manuel Lemos, alertando para o risco de poderem “provocar o encerramento de respostas sociais”.
“Não queremos isso, mas, de facto, aquilo a que estamos a assistir é uma coisa mais moderada, mas que leva a isso porque, quando uma instituição encerra uma unidade de cuidados continuados, quando uma instituição encerra uma unidade de prestação de cuidados a crianças em perigo, estamos de alguma maneira a desproteger o Estado Social que todos queremos."
Manuel Lemos defende que o Estado terá de resolver o problema: "No quadro da cooperação, o Estado pede às instituições que desempenhem funções que não consegue executar e, por isso, cabe ao Estado suportar esse aumento de encargo que o próprio Estado gera quando aumenta os salários mínimos."
O presidente da UMP reconhece que o sector social "não paga bem", algo que seria necessário: "Todos nós temos a consciência de que o sector não paga bem. E que para cumprirmos bem a nossa missão temos de ter trabalhadores bem pagos porque as funções que eles desempenham exigem isso mesmo: cuidar de crianças, cuidar de idosos, cuidar de deficientes exige competências e salários aceitáveis."
”Embora tenhamos ao longo dos anos melhorado a situação das pessoas, temos a consciência de que estamos ainda muito longe do desejável”, reforça.
Lemos insiste na ideia de que o Estado tem de continuar a melhorar as comparticipações ao sector e dá o exemplo da resposta social mais importante, a do apoio aos idodos: "Nas estruturas residenciais para idosos, as ERPI, o Estado paga apenas 39 por cento. Se pagasse 50 por cento, perceberíamos que estávamos em condições de pagar mais e melhor e que o salário mínimo não era como cada vez tende a ser o salário médio das instituições."
"Isso é que nós achamos que é dramático”, entafiza o presidente da UMP.
“Hoje, somos capazes de dizer com segurança quanto é que custava, no final de 2023, cada uma das respostas sociais. O governo tem manifestado disponibilidade de ajudar neste trabalho. O que agora temos de fazer é de proceder às atualizações justas porque no dia 31 de Janeiro vamos ter de pagar aqueles salários mínimos que, repito são justos, mas é preciso termos dinheiro para eles”, remata Manuel Lemos.