A rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, foi acusada num processo civil, nos EUA, de ajudar a Arábia Saudita a cometer graves violações dos direitos humanos, nomeadamente através da divulgação de dados confidenciais dos utilizadores a pedido das autoridades sauditas.
O processo judicial, noticiado esta segunda-feira pelo "The Guardian", foi instaurado em maio deste ano por Areej al-Sadhan - irmã de um trabalhador humanitário saudita que foi condenado a 20 anos de prisão – e relata a infiltração de três agentes secretos sauditas na empresa, dois deles fazendo-se passar por funcionários do Twitter em 2014 e 2015. A situação levou à detenção do irmão de al-Sadhan e à exposição da identidade de milhares de utilizadores do Twitter. Alguns terão sido posteriormente detidos e torturados no âmbito da repressão governamental de críticos e dissidentes.
Os advogados de Al-Sadhan atualizaram a respetiva queixa, apresentada em maio, na semana passada para incluir novas alegações sobre a forma como o Twitter, à data sob a liderança de Jack Dorsey, ignorou deliberadamente ou como prestou apoio ao país - devido a questões financeiras -, mesmo quando tinha conhecimento da campanha do governo saudita para eliminar determinados elementos.
O novo processo veio a público dias depois de a Human Rights Watch ter condenado um tribunal saudita que sentenciou um homem à morte com base apenas na sua atividade no Twitter e no YouTube, o que a organização classificou como uma "escalada" da repressão do Governo contra a liberdade de expressão.
O homem condenado, Muhammad al-Ghamdi, de 54 anos, é irmão de um académico saudita e crítico do reino que vive exilado no Reino Unido.