Um novo centro clínico, académico e de investigação vai dar assistência a mais de nove mil utentes sem médico de família na zona de Torres Vedras, a partir do próximo ano.
O novo campus da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (UL), que será apresentado esta quinta-feira, vai nascer no antigo Hospital Dr. José Maria Antunes Júnior, em Torres Vedras. Resulta de uma parceria entre a Câmara de Torres Vedras e a UL.
As obras começaram pela reabilitação da área mais antiga do hospital, que foi desativado em 2015, que já está disponível para formações.
Em 2024 vai estar a funcionar uma Unidade de Saúde Familiar (USF) que vai dar assistência a muitos utentes da região sem médico de família: “O plano é dar resposta a cerca de 9.000 pessoas”, explica o diretor da Faculdade de Medicina da UL.
João Eurico Cabral Fonseca acredita que o projeto vai ser um foco de atração para profissionais de saúde: “Nós acreditamos que as boas condições deste centro e o estímulo dado de prática médica associada à formação, à investigação, as perspetivas de carreira e a ligação à faculdade de medicina serão motivos importantes para atrairmos médicos de medicina geral e familiar”.
Em paralelo, a USF também vai acolher os alunos da Faculdade de Medicina que “terão aqui um polo de contacto com a comunidade, com a saúde pública, com os cuidados de saúde primários”, diz o professor João Cabral da Fonseca, que sublinha que o centro vai incluir alojamento para os estudantes.
O novo centro inclui, ainda, uma Unidade de Cuidados Interdisciplinares em doenças crónicas, com capacidade de internamento, explica o diretor da Faculdade.
“É uma unidade de cuidados para doentes crónicos que sofreram um agravamento das suas doenças, particularmente, em áreas como as doenças cardiovasculares, neurológicas e do aparelho locomotor. O objetivo é uma reabilitação pró ativa numa perspetiva interdisciplinar, portanto, numa equipa que inclui médicos, mas também enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas, entre outros.”
O novo polo universitário, o primeiro fora do Campus de Lisboa, vai ter também um centro para o desenvolvimento e treino de respostas a cenários de catástrofe, ou seja, “uma área para treinar profissionais de saúde para resposta a crises humanitárias e a cenários de catástrofe no nosso próprio país”, esclarece João Cabral Fonseca.
Com uma área de construção de mais de 13.000m2 em mais de 25.000m2 de terreno, este campus vai empregar cerca de 400 pessoas, entre profissionais de saúde e prestadores de serviços.
A previsão é que as obras estejam concluídas em cinco anos, sendo que a primeira fase deverá estar em funcionamento ainda em 2024.